Ano VII

Dossiê Jacques Rivette

segunda-feira mar 28, 2016

rivetteapresenta

“Uma grande conquista moderna foi a descoberta do segredo da expressão por meio da cor, à qual se somou, com o chamado fauvismo e os movimentos que se sucederam a ele, a expressão por meio do desenho; o contorno, as linhas e sua direção. Em suma, a tradição foi prolongada por novos meios de expressão e enriquecida o máximo possível nessa direção.

Seria um engano pensar que houve uma ruptura na continuidade do desenvolvimento artístico desde o começo da pintura até os pintores contemporâneos. Abandonando a tradição, o artista conhecerá apenas um sucesso efêmero e seu nome logo será esquecido.”

 Henri Matisse, Modernismo e tradição

Agora, em que já se completam quase dois meses que Rivette nos deixou, aproveitamos a presente edição para lhe prestar uma ainda que breve homenagem.

Enquanto crítico na revista Cahiers du Cinéma, Rivette escreveu textos seminais, que ao forjarem um consistente, inovador e sistemático pensamento acerca do que é o moderno, marcaram profundamente a história da crítica cinematográfica. Mesmo assim, sua atividade e pensamento enquanto cineasta não parecem ter tido, ao longo dos anos, a justa e devida atenção. Já em 1977, em uma entrevista a Bill Krohn[1], ao ser questionado sobre o longo silêncio dos Cahiers em relação ao trabalho de Rivette, Serge Daney admite que a revista havia sido muito injusta em relação ao diretor de Out 1.

Assim, a presente homenagem procura trazer ao leitor um curto percurso de variados tipos de textos (entrevista, crítica, depoimento, etc..) que buscam jogar luz sobre a obra cinematográfica de Rivette, principalmente sobre o prisma de sua modernidade: ideia que surge no pensamento do jovem crítico e perdura e se desenvolve na obra do cineasta. Dessa forma, esperamos que ao assim fazê-la, tal homenagem não permaneça restrita apenas como uma elegia à sua obra, mas sim como um reposicionamento e revitalização de suas ideias em nosso tempo. Cremos que as questões por elas levantadas dialogam, diretamente, com as de outro grande que nos deixou há quase um ano, Manoel de Oliveira, e sobre o qual publicamos, na presente edição, um texto acerca de Visita ou Memórias e Confissões, filme realizado em 1982, que só veio a público ano passado e foi exibido na 39ª Mostra Internacional de São Paulo.

Por fim, gostaríamos de agradecer especialmente a Guillermo Triguero e Mathilde Chassagneux pela ajuda na busca e prospecção dos textos.

Boa leitura a todos.

Guilherme Savioli

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Jacques Rivette, metteur en scène – Por Calac Nogueira

 

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Textos de arquivo (traduções Guilherme Savioli)

 

Entrevista sobre Amor Louco – Por Bernard Cohn

Cinco proposições para Out 1: Spectre – Por Louis Séguin

Prazer Narrativo – Dois filmes de Rivette – Por Robin Wood

Um filme é um complô – Por Gérard Légrand

Rivette em Cannes

Trinta filmes preferidos

 


[1]    Les Cahiers du Cinéma 1968-1977. Entretien avec Serge Daney par Bill Krohn. The thousand eyes nº 2, Nova York, 1977. (Republicada em La maison cinéma et le monde 1 – Les temps des Cahiers 1962-1981. P.O.L: Paris, 2001)

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