Listas de melhores de 2014
Listas de melhores de 2014
Por Cesar Zamberlan
As listas de final de ano com uma hierarquização daquilo que aconteceu de mais importante no ano recém-terminado é um dado tão natural do período quanto à própria ideia de encerramento de um ciclo e início do outro. Mas, escolher “os 10 mais do ano” não é apenas uma brincadeira, um exercício lúdico como estourar a champagne e brindar o ano novo; há algo maior e mais sério nisso. Carlos Heredero, no editorial da Caiman Cadernos de Cine, a versão espanhola da Cahier du Cinema, de nº 34, de janeiro de 2015, justifica a presença das listas na revista da seguinte forma:
“Poderíamos considerar que essas listas não são mais que um jogo lúdico com perfis narcisistas, mas todos os críticos que fazem listas em algum momento da vida (Há algum que nunca fez uma?) têm tratado de oferecer um diagnóstico de parte do conjunto sobre o que nos solicitava nosso cânone particular, além de, confessemos, sublinhar nossa suposta personalidade, nosso olhar, a fim de conseguirmos uma determinada visibilidade em meio a um caleidoscópio de opiniões sempre tão variadas e heterogêneas”.
Heredero, citando o articulista da revista, o crítico e ex-editor da Cahier francesa, Jean-Michel Frodon, afirma que as listas dos críticos têm um papel muito mais interessante que o de mero entretenimento porque se contrapõem a outras listas mais comerciais como a das bilheterias e são feitas de forma mais reflexiva, mais distanciada, fruto de uma análise rigorosa, de uma paixão militante, de opinião livre, de intervenção coletiva, ainda que sejam confeccionadas a partir de uma perspectiva cultural e artística. Heredero fecha o editorial da Caiman citando outro consagrado crítico da revista, Jonatham Rosembaum, que em On the Necessity film Canons, afirma que é necessário encontrar meios de recanonizar o cinema a fim de combater os cânones reducionistas dos publicitários. A condição, segundo Rosembaum, seria não apenas conceber os cânones da crítica como uma forma “passiva de reportagem”, mas como um “ativo processo de seleção”. Processo, que segundo Heredero, se renova e se põem em questão de forma incessante, em aberto contraste com a impositiva e monolítica fotografia que trata de fixar o mercado e as grandes instituições. Fechando o editorial, Heredero conclui que a lista é um contrapeso necessário.
Outras revistas justificam suas listas com critérios bem semelhantes. Não é ideia aqui ampliar ou mergulhar em tal discussão, ainda que ela seja bastante válida, mas mostrar aos leitores da Interlúdio as principais listas para que possamos cotejar os filmes eleito lá fora e aqui. Vejamos as listas:
Os 10 da redação da Cahiers du Cinema.
1 – O pequeno Quinquin, Bruno Dumont.
2 – Adeus Linguagem, Jean-luc Godard.
3 – Sob a pele, Jonathan Glazer.
4 – Mapa das Estrelas, David Cronemberg.
5 – Vidas ao Vento, Hayao Miyazaki.
6 – Ninfomaníaca, Lars Von Trier.
7 – Mommy, Xavier Dolan.
8 – O amor é estranho, Ira Sachs.
9 – Paraiso, Alain Cavalier.
10 – Sunhi, Hong Sang-soo.
Os 10 dos leitores da Cahiers du Cinema.
1 – Sob a pele, Jonathan Glazer.
2 – Mommy, Xavier Dolan.
3 – O pequeno Quinquin, Bruno Dumont.
4 – Mapa das Estrelas, David Cronemberg.
5 – Vidas ao Vento, Hayao Miyazaki.
6 – Ninfomaníaca, Lars Von Trier.
7 – Grande Hotel Budapeste, Wes Anderson.
8 – Adeus Linguagem, Jean-luc Godard.
9 – Boyhood, Richard Linklater.
10 – O amor é estranho, Ira Sachs.
Os 10 da redação da Sight & Sound.
1 – Boyhood, Richard Linklater.
2 – Adeus Linguagem, Jean-luc Godard.
3 – Leviatã, Andrey Zvyagintsev.
Cavalo Dinheiro, Pedro Costa.
5 – Sob a pele, Jonathan Glazer.
6 – Grande Hotel Budapeste, Wes Anderson.
7 – Winter Sleep, Nuri Bilge Ceylan.
8 – A Tribo, Myroslav Slaboshpytskiy.
9 – Ida, Pawel Pawlikowski.
Jauja, Lisandro Alonso
Os 10 da redação da Caiman.
1 – Boyhood, Richard Linklater.
2 – Jauja, Lisandro Alonso
3 – Adeus Linguagem, Jean-luc Godard.
4 – O Grande Mestre, Wong Kar-Wai.
5 – A Imigrante, James Gray.
6 – O Último dos Injustos, Claude Lanzmann.
7 – A imagem que falta, Rithy Panh.
8 – Amantes Eternos, Jim Jamursch.
9 – Grande Hotel Budapeste, Wes Anderson.
10 – Um toque do pecado, Jia Zhang-ke.
Os 10 dos leitores da Caiman.
1 – Boyhood, Richard Linklater.
2 – Ela, Spike Jonze.
3 – Ida, Pawel Pawlikowski.
4 – Grande Hotel Budapeste, Wes Anderson.
5 – O lobo de Wall Street, Martin Scorsese.
6 – Magical Girl, Carlos Vermut.
7 – Amantes Eternos, Jim Jamursch.
8 – Inside Llewyn Davis – Ethan Cohen.
9 – Dois dias e uma Noite, Jean-Pierre Dardenne.
10 – Nebraska, de Alexander Payne.
Os 10 da redação da Film Comment.
1 – Boyhood, Richard Linklater.
2 – Adeus Linguagem, Jean-luc Godard.
3 – Grande Hotel Budapeste, Wes Anderson.
4 – Ida, Pawel Pawlikowski.
5 – Sob a pele, Jonathan Glazer.
6 – Um estranho no lago, Alain Guiraudie.
7 – Citizenfour, Laura Poitras.
8 – Birdman, Alejandro G, Iñárritu.
9 – Vício Inerente, Paul Thomas Anderson.
10 – A Imigrante, A Imigrante, James Gray.
© 2016 Revista Interlúdio - Todos os direitos reservados - contato@revistainterludio.com.br