Flores de Taipei
Flores de Taipei – O Novo Cinema de Taiwan (Guangyin de Gushi – Taiwan Xin Dianying, 2014), de Chinlin Hsieh
Os dois nomes de ponta do Novo Cinema de Taiwan são Hou Hsiao-Hsien e Edward Yang.. Natural que a maior parte de Flores de Taipei seja sobre esses dois cineastas que colocaram Taiwan no mapa a partir do início dos anos 1980. Um terceiro nome completaria o pódio: o de Tsai Ming Liang. Mas este mesmo não se considera parte do Novo Cinema de Taiwan. E talvez não seja mesmo, já que começou mais tarde e suas preocupações diferem das dos dois acima e de outros que orbitam a classificação (Te-Chen Tao, I-Chen-Ko e Yi Chang, os três que estão em In Our Time [1982], de Edward Yang, considerado o filme fundador desse novo cinema taiwanês, entre outros). O diretor Chinlin Hsieh parece ter concordado também, já que Tsai só aparece no final, e basicamente para se excluir do grupo. Em alguns estudos, Ang Lee é apontado como um nome importante do período, mas há controvérsia, uma vez que ele é de uma geração posterior.
A proposta do filme, aliás, é mostrar a influência e a admiração desses diretores em outros países. A lista de entrevistados é enorme. Da França, o programador e crítico Pierre Rissient, o crítico e diretor Olivier Assayas e o crítico Jean-Michel Frodon. Da Inglaterra, o crítico Tony Rains. Do Japão, o crítico Tadao Sato e o diretor Kiyoshi Kurosawa. Da Itália, o programador Marco Muller. Da China, o cineasta Wang Bing. E por aí vai.
Se é interessante ver esse pessoal falando sobre o cinema de Taiwan nos anos 1980, ver, por exemplo, que Boys from Fengkuei (1983), de Hou Hsiao-Hsien, influenciou Kiyoshi Kurosawa e maravilhou Rissient, ou ouvir a traulitada que Wang Bing dá em Zhang Yimou e Chen Kaige, chamados de cineastas vazios, que não filmam verdadeiras pessoas, fica um pouco cansativo também, depois de uma hora, o esquema entrevistas laudatórias mais trechos de filmes, sem maiores informações ou contextualizações.
Flores de Taipei foi erigido como um monumento aos diretores de uma geração e a um tipo de cinema que rendeu belíssimos frutos nas décadas de 80 e 90. O filme se encerra com imagens de Millenium Mambo, que Hou Hsiao-Hsien realizou em 2001, meio que se distanciando da época de Boys from Fengkuei e Cidade do Desencanto. Desse diretor, só ouvimos algumas poucas palavras. Também por isso, o documentário soa por demais incompleto.
Sérgio Alpendre
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