O Espetacular Homem-Aranha 2
O Espetacular Homem-Aranha 2 – A Ameaça de Electro (The Amazing Spider-man 2, 2014), de Marc Webb
Sabemos que Hollywood chegou ao fim do poço quando dez anos depois do início de uma franquia de sucesso surge uma nova versão, atualizada, embrutecida e emburrecida para as plateias preguiçosas dos sábados e domingos atuais. E essa nova franquia chega a seu segundo longa, que se não dá muita esperança em relação ao que virá por aí, ao menos consegue mostrar alguma evolução em relação ao primeiro longa, sobretudo nas possibilidades trazidas por mais um dos vilões monstruosos/humanizados da série, e provavelmente o melhor deles: Electro, vivido por um surpreendente Jamie Foxx (longe da afetação de seus trabalhos pós 2004, quando brilhou em Ray e Colateral).
O mais estranho é que não há tanta coisa substancialmente diferente de uma franquia para outra, a não ser o fato de tudo ser mais exagerado, inflado, barulhento e explosivo. A montanha russa agora não traz apenas descidas seguidas de calmarias, mas descidas seguidas de outras descidas, com alguns loopings para aumentar a adrenalina da galera.
Quer dizer, diferenças até existem: Andrew Garfield é um Peter Parker menos apagado e tímido que o de Tobey Maguire, e Emma Stone nos apresenta uma Gwen Stacy mais viva (pudera, com aqueles olhões bonitos em primeiro plano) em relação à Mary Jane de Kirsten Dunst, mais cool e fleumática. O Harry Osborn de Dane DeHaan é mais sofrido, com o aspecto mais frágil do que aquele feito por James Franco (que raramente convence fora de uma chave cínica). Mas tudo isso nos faz perguntar: a atualização era mesmo necessária tirando, claro, a óbvia possibilidade de encher os cofres do estúdio e dos envolvidos? Difícil, praticamente impossível responder positivamente.
E aí voltamos ao Electro, a única razão para se ver este Homem-Aranha 2. A cena em que ele surge na Times Square e fica deslumbrado com a reprodução de sua imagem nos telões é um inteligente comentário sobre a onda de sub-celebridades que infestam nosso mundo tecnológico, e também sobre a tola necessidade que as pessoas têm de registrar toda e qualquer experiência com uma câmera, como se só assim essa experiência fosse genuína.
Fora isso, nota-se que Marc Webb, diretor medíocre, ao menos tenta captar um espaço e cenas de luta mais perceptíveis ao espectador do que a usual confusão de sentidos vista em quase todos os atuais blockbusters de ação (existe blockbuster que não seja de ação hoje em dia?).
Sérgio Alpendre
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