Cahiers du cinéma 1951-1964
CAHIERS DU CINÉMA
A FASE DA CAPA AMARELA – abril de 1951 a outubro de 1964 (edição 159)
O resumo abaixo foi pensado para auxiliar um estudo mais profundo sobre a revista, em sua fase clássica, da capa amarela, e sua influência entre os cinéfilos e críticos de todo o mundo – influência que permanece até hoje.
Procurei mencionar os textos de destaque, com alguns comentários pontuais sobre ataques, defesas e posturas que os redatores da revista adotaram nas duas décadas que englobam a fase resumida.
Quando menciono as notas do quadro de cotações, ora quero destacar algumas injustiças históricas (que seriam ou não corrigidas por eles nos anos futuros – ex: bola preta de Godard para Chá e Simpatia), ora apontar as idiossincrasias e divergências dentro da redação. Procuro, por vezes, comentar muito brevemente alguns textos, apontando seus pontos mais importantes – o que não exclui a necessidade de ler tais textos na íntegra, afinal, são importantíssimos para quem deseja entender o que é crítica de cinema.
Acredito que tal resumo já explicita a riqueza da revista, e os riscos que ela correu durante esse período antológico. Os textos são quase sempre de uma excelência notável (o que não acontece mais), e os novos talentos surgem a cada ano (os jovens turcos, Jean Domarchi, Luc Moullet, Jean Douchet, Michel Mourlet, Michel Delahaye…).
Muitas vezes recorri aos dois volumes da História da revista que Antoine De Baecque escreveu. Seu estudo aponta caminhos interessantes, ainda que algumas de suas conclusões sejam tendenciosas ou incorretas.
Sérgio Alpendre
CAHIERS 1 – abril de 1951: capa Crepúsculo dos Deuses (Billy Wilder).
- A capa sugere então uma preferência pelo cinema americano (um ato político?).
- texto sobre Diário de um Pároco de Aldeia (Robert Bresson).
- Lo Duca (até nº 68 – fev.1957) e Jacques Doniol-Valcroze como redatores-chefes.
- revista nasce da equipe de La Revue du Cinéma, e passou por algumas mudanças de nome antes de se firmar definitivamente como Cahiers du Cinéma.
- François Truffaut (por vezes com o pseudônimo Robert Lachenay), Jean-Luc Godard (por vezes, Hans Lucas), Éric Rohmer (por vezes, Maurice Shérer) e Jacques Rivette, oriundos da Gazette du Cinéma (publicada entre maio e novembro de 1950), entrariam no corpo da redação nos anos seguintes.
- editorial que condena a neutralidade da crítica, o cinema medíocre e o público mal-acostumado que dominam na França.
- textos de André Bazin (cofundador, também creditado como redator-chefe a partir do nº 2 – e, segundo Baecque, “esquecido” no primeiro número), Alexandre Astruc, Ben Barzman, Fred Orain, Lo Duca e Valcroze.
- abre com fotos de filmes que participariam do Festival de Cannes de 1951. A abertura com fotos seguirá por um bom tempo na revista, e as coberturas de festivais (sobretudo Cannes e Veneza) serão grandes e frequentes na fase de capa amarela.
- “Au-Dessous du Volcan” – texto de Alexandre Astruc sobre Stromboli (Rossellini) e Sob o Signo de Capricórnio (Hitchcock).
CAHIERS 2 – maio de 1951: capa A Malvada (Joseph Mankiewicz)
- matéria grande e filmografia de Mankiewicz.
- texto de Pierre Kast sobre dandismo e cinema.
CAHIERS 3 – junho de 1951: Tabu (Murnau)
- texto de André Bazin retoma Diário de um Pároco de Aldeia (Bresson).
- primeiro texto de Eric Rohmer na revista (assinando com o nome verdadeiro, Maurice Schérer): “Vanité que la peinture” – sobre Tabu e demais filmes de Murnau.
CAHIERS 4 – julho/agosto de 1951: Senhorita Julie (Alf Sjöberg)
- especial sobre o “novo cinema alemão” (onze anos antes do Manifesto de Oberhausen).
CAHIERS 5 – setembro de 1951: Sansão e Dalila (Cecil B. De Mille)
- “Introduction à une filmologie de la filmologie”, texto de Florent Kirsch publicado em itálico.
- “À propos des reprises” – texto de André Bazin sobre a proliferação de reprises nos cinemas franceses.
CAHIERS 6 – outubro/novembro de 1951: O Albergue Vermelho (Autant-Lara)
- matéria de 14 páginas sobre Josef Von Sternberg (assinada por Curtis Harrington).
CAHIERS 7 – dezembro de 1951: Os Esquecidos (Buñuel)
- especial Buñuel – 18 páginas.
CAHIERS 8 – janeiro de 1952: O Rio Sagrado (Renoir)
- especial de 53 páginas (mais da metade da edição) sobre a carreira de Jean Renoir. (na sessão de críticas há ainda um texto de duas páginas, de Maurice Schérer, sobre O Rio Sagrado).
CAHIERS 9 – fevereiro de 1952: Brinquedos Proibidos (René Clement)
- “Un genre historique: le western” – texto de 15 pg. de Jean-Louis Rieupeyrout.
CAHIERS 10 – março de 1952: Um Lugar ao Sol (George Stevens)
- especial de 22 páginas sobre avant-garde, com textos de Hans Richter, André Bazin, Michel Mayoux, Maurice Schérer (Rohmer).
CAHIERS 11 – abril de 1952: A Montanha dos Sete Abutres (Wilder)
- “L’Amour au cinéma”, texto de Jean George Auriol, com 11 páginas.
- “Naissance d’un Film”, texto de Eisenstein com 13 páginas.
CAHIERS 12 – maio de 1952: A Glória de um Covarde (John Huston)
- “Fiançailles avec le notaire” – texto de Pierre Kast, com 10 páginas, sobre a relação entre Joseph Conrad e o cinema.
- texto de Curtis Harrington sobre Rashomon e o cinema japonês (4 páginas).
CAHIERS 13 – junho de 1952: Due Soldi di Speranza (Renato Castellani)
- matéria de 28 páginas sobre o festival de Cannes, assinada por André Bazin, Jacques Doniol-Valcroze, Curtis Harrington e Lo Duca.
- “Où va le cinéma anglais” – texto de 20 páginas sobre o cinema inglês, assinado por Jean Quéval.
- crítica de destaque (de Pierre Kast) para Brinquedos Proibidos, capa da 9ª edição.
CAHIERS 14 – julho/agosto de 1952: Sinfonia de Paris (Vincente Minnelli)
- texto de Jean Myrsine sobre Gene Kelly.
CAHIERS 15 – setembro de 1952: Depois do Vendaval (John Ford)
- as fotos agora dividem espaço com as pequenas notícias (antes no meio da revista).
“Dans l’univers kafkaïen d’Hollywood, un producteur de choc: Stanley Kramer” – texto de Jacques Doniol-Valcroze (10 páginas).
- “Défense et Illustration du découpage classique” – texto de Hans Lucas (5 pgs.) – Hans Lucas = pseudônimo de Jean-Luc Godard.
- enquete sobre a crítica – matéria de 17 páginas.
CAHIERS 16 – outubro de 1952: La Jeune Folle (Yves Allegret)
- as páginas com fotos na abertura (anteriormente entre 3 e 8), são reduzidas à contracapa.
- especial sobre o Festival de Veneza (26 páginas) – textos de Bazin, Michel Mayoux, Valcroze e Lo Duca.
CAHIERS 17 – novembro de 1952: Luzes da Ribalta (Chaplin)
- “Si Charlot ne meure…” – texto de André Bazin sobre Chaplin (4 páginas).
- “Néo-Réalisme et phénoménologie” – texto de Amédée Ayfre com epígrafe de Merleau-Ponty (13 páginas).
- “Flash-back sur Hitchcock” – texto de Raymond Borde e Etienne Chaumeton sobre as reprises de O Ringue e Champagne (3 páginas e meia).
CAHIERS 18 – dezembro de 1952: Les Belles de la Nuit (René Clair)
- três páginas com fotos e notas na abertura (incluindo a contracapa).
- dez testemunhos sobre Luzes da Ribalta, entre eles o de Jean Renoir, Pierre Kast e Georges Rouquier (18 páginas).
- “Le Feu et la Glace” – texto de Alexandre Astruc (5 páginas).
- “Littérature et cinéma” – texto de Jean Domarchi (6 páginas).
CAHIERS 19 – janeiro de 1953: Viva Zapata! (Elia Kazan)
- “Misogynie du cinéma americain” – texto de Michel Dorsday (7 páginas).
- “Thomas H. Ince, premier dramaturge de l’écran” – texto de Jean Mitry (9 páginas com continuações nas edições seguintes).
- “Les films changent, la censure demeure” – texto de André Bazin (4 páginas).
CAHIERS 20 – fevereiro de 1953: A Carruagem de Ouro (Renoir)
- “Misogynie du cinéma américain II” – continuação do texto de Michel Dorday (10 páginas).
- continuação da enquete sobre a crítica iniciada na CAHIERS 15 (8 páginas).
- Jacques Rivette estreia na revista com crítica sobre Un Été Prodigieux (Boris Barnett).
CAHIERS 21 – março de 1953: A Morte de um Caixeiro Viajante (Laslo Benedek).
- “Présence de F.W.Murnau” – texto de Jean Domarchi (9 páginas abrindo a ed.).
- François Truffaut estreia na revista com uma crítica sobre Precipícios d’Alma, de David Miller. Seus textos serão frequentes nas próximas edições, até se tornar cineasta.
CAHIERS 22 – abril de 1953: As Férias do Sr. Hulot (Tati)
CAHIERS 23 – maio de 1953: Mar Cruel (Charles Frend)
- “Génie de Howard Hawks” – texto antológico de Jacques Rivette.
CAHIERS 24 – junho de 1953: Torrente de Paixão (Henry Hathaway)
- Especial Jean Epstein – 32 páginas e textos de Jean Cocteau, Abel Gance, Alexandre Kamenka, Henri Langlois + filmografia por André Rossi.
CAHIERS 25 – julho de 1953: Europa 51 (Rossellini)
- Matéria especial sobre o nascente Cinemascope, com 6 páginas e textos de Lo Duca, Truffaut e Jean-José Richer e Michel Dorsday.
- “Génie du christianisme” – crítica de Maurice Shérer (Rohmer) sobre Europa 51.
CAHIERS 26 – agosto/setembro de 1953: Ingênua Até Certo Ponto (Otto Preminger)
- Dawn Adams em foto sensual na capa – terceira capa seguida com atriz sex symbol (após Marilyn Monroe na 24 e Ingrid Bergman na 25).
- Crítica de Rivette sobre A Tortura do Silêncio (Hitchcock).
- Crítica de Jacques Doniol-Valcroze sobre Assim Estava Escrito (Minnelli).
CAHIERS 27 – outubro de 1953: Madame de… (Max Ophuls)
- “Les nouveaux chapitres de notre syntaxe” – texto de Abel Gance.
- Crítica de André Bazin (6 páginas) sobre A Glória de um Covarde (John Huston).
CAHIERS 28 – novembro de 1953: Les Orgueilleux (Yves Allégret)
- “Existe-t-il un néoréalism japonais” – texto de 13 páginas de Georges Sadoul.
- capítulo final de uma série de textos sobre Joris Ivens escritos por Pierre Michaut.
- estreia de Claude Chabrol com crítica sobre Cantando na Chuva (Stanley Donen).
CAHIERS 29 – dezembro de 1953: O Manto Sagrado (Henry Koster)
- “Rencontre avec Otto Preminger” – texto de Jacques Rivette sobre o diretor.
- “La vérité cinématographique” – texto de René Micha com 15 páginas.
- “Les affamés du film de qualité” – texto de Lotte Eisner sobre o cinema alemão da época (2 páginas).
- crítica de Maurice Shérer sobre O Rio da Aventura (Howard Hawks).
- pequena crítica de Claude Chabrol sobre O Mundo Odeia-me (Ida Lupino).
CAHIERS 30 – extra – noel 1953: edição especial “La Femme et le Cinéma” (capa com a diva italiana Rossana Podesta)
CAHIERS 31 – janeiro de 1954 (ed. histórica): O Pequeno Fugitivo (Ray Ashley, Morris Engel e Ruth Orkin) – filme independente americano de 1953.
- “Déshabillage d’une petite bourgeoise sentimentale” – texto de Jacques Doniol-Valcroze (13 páginas) que inclui uma grande tabela sobre o papel da mulher no cinema francês de 1945 a 1954.
– Truffaut escreve “Uma certa tendência do cinema francês” (15 páginas), contra o cinema de qualidade dos roteiristas Jean Aurenche e Pierre Bost e dos diretores com eles trabalhavam (Claude Autant-Lara, Christian-Jaque, Jean Dellanoy e Yves Allégret, principalmente). Nas legendas das fotos de diretores que Truffaut admirava, ele usa a palavra “autores” (les auteurs).
- nova matéria especial sobre o Cinemascope (13 páginas – a anterior, com 6 páginas, tinha aparecido na edição 25). Textos de Maurice Shérer, Herman G. Weinberg, Alexandre Astruc, Doniol-Valcroze, Bazin, Michel Dorsday e Rivette.
- críticas do filme de capa (Bazin) de Os Corruptos, de Fritz Lang (Truffaut) e Moulin Rouge, de John Huston (Valcroze).
CAHIERS 32 – fevereiro de 1954: Grisbi, Ouro Maldito (Jacques Becker)
- longa entrevista (15 páginas) de Jacques Becker por Rivette e Truffaut.
- “L’Etrange comique de Monsieur Tati” – texto de Barthélemy Amengual com continuação no número 34.
- crítica de Rivette sobre Alma em Pânico (Preminger) intitulada “L’Essentiel”.
- crítica grande (6 páginas) de André Bazin sobre Amor de Outono, de Claude Autant-Lara, um dos diretores feridos pelo texto explosivo de Truffaut.
CAHIERS 33 – março de 1954: Pão, Amor e Fantasia (Luigi Comencini)
- longa matéria sobre cinema italiano (37 páginas), com textos de Henri Langlois, Maria Adriana Polo, Nino Frank, Cesare Zavatini, Philippe Demonsablon e André Bazin.
- Jacques Doniol-Valcroze inaugura uma nova seção, “Petit journal intime du cinéma”, com textos em forma de diários e escritos por diferentes autores (Bazin, Truffaut, Pierre Kast…) em cada edição. É o ancestral do Journal que rola até hoje.
- Philippe Demonsablon domina a seção de críticas, com os dois textos principais (sobre Fúria do Desejo, de King Vidor, e A Vida de Oharu, de Kenji Mizoguchi).
CAHIERS 34 – abril de 1954: A Princesa e o Plebeu (William Wyler)
- entrevista de 20 páginas com Jean Renoir, por Rivette e Truffaut (continua na edição seguinte, com mais 17 páginas).
CAHIERS 35 – maio de 1954: Um Amante Sob Medida (René Clement)
CAHIERS 36 – junho de 1954: O Alucinado (Luis Buñuel)
- entrevista de 13 páginas com Buñuel, por Bazin e Valcroze.
- crítica de Jacques Doniol-Valcroze sobre Mônica e o Desejo (Ingmar Bergman), filme importante para a formação da Nouvelle Vague.
CAHIERS 37 – julho de 1954: Giovanna D’Arco al Rogo (Rossellini)
- entrevista de 13 páginas com Rossellini, por Maurice Shérer e Truffaut.
CAHIERS 38 – agosto/setembro de 1954: Aventuras de Robinson Crusoé (Luis Buñuel)
- especial comemorando os 60 anos de Jean Renoir (18 páginas), com textos do próprio Renoir e de Philippe Demonsablon.
- aparece pela primeira vez a famosa lista detalhada das estreias em Paris, com pequenos comentários de uma linha sobre os filmes, separados por nacionalidade. No futuro, a lista contemplaria alguns filmes menores (para eles), que receberiam comentários maiores no corpo da lista no lugar das “notas sobre outros filmes”.
CAHIERS 39 – outubro de 1954 (ed. histórica): Disque M para Matar (Hitchcock)
- edição especial e integral sobre Alfred Hitchcock, com textos de Alexandre Astruc, Maurice Shérer, Sylvette Baudrot, Claude Chabrol (dois textos, um deles sendo o importante “Hitchcock devant le mal”), André Bazin (o famoso texto “Hitchcock contre Hitchcock”), Jean Domarchi (o importante texto “Le chef-oeuvre inconnu”, sobre Under Capricorn) e François Truffaut.
CAHIERS 40 – novembro de 1954: O Vermelho e o Negro (Claude Autant-Lara)
- capa para um filme de diretor malhado no texto clássico de Truffaut (“Uma certa tendência do cinema francês”).
- “Petite chronique du festival inconnu” – texto de Georges Sadoul sobre o Festival de Karlovy Vary (10 páginas).
CAHIERS 41 – dezembro de 1954: Romeu e Julieta (Renato Castellani)
CAHIERS 42 – extra – dezembro de 1954: especial L’Amour au cinéma (edição editada por Lydie Doniol-Valcroze.
- enquete com diversos diretores sobre a censura e o erotismo. A resposta de Jacques Tati é particularmente interessante (“Creio que vocês erraram de destinatário… As questões que me propõem sobre meu trabalho não me dizem respeito”) e a de Otto Preminger, reveladora (“Creio que meus filmes não seriam diferentes se não houvesse censura. O único princípio válido de censura é o bom gosto”).
CAHIERS 43 – janeiro de 1955: A Torre do Prazer (Abel Gance)
- leve mudança na diagramação do índice.
- lista de redatores e colaboradores com os melhores filmes de 1954 (Rohmer, Rivette e Truffaut denotam preferência pelo cinema clássico americano).
CAHIERS 44 – fevereiro de 1955 (ed. histórica): Os Quatro Batutas (Norman McLeod – filme de 1931 dos irmãos Marx)
- Matéria de André Martin (15 páginas) sobre os Irmãos Marx (com continuações nos números seguintes).
- “Comment peut-on être Hitchcocko-Hawksien?” – texto clássico de Bazin.
- entrevista de 13 páginas com Hitchcock, por Chabrol e Truffaut.
- “Le celluloïd et le marble” – texto clássico de Eric Rohmer (continuado em números futuros).
– Truffaut escreve “Ali Babá e a ‘política dos autores’”, cunhando a famosa expressão e a política que norteia os textos dos jovens turcos à época. A prática, defendem alguns, já existia nos anos 20, capitaneada por Louis Delluc na revista Cinéa.
CAHIERS 45 – março de 1955: Oásis (Yves Allégret)
- capa com outro diretor detonado no texto clássico de Truffaut.
- “Rencontre avec John Ford” – entrevista realizada por Jean Mitry.
- texto de André Martin (6 páginas) sobre A Estrada da Vida (Fellini).
CAHIERS 46 – abril de 1955: A Estrada da Vida (Fellini)
– publicação do texto clássico “Lettre sur Rossellini”, de Rivette (Viagem à Itália é defendido como filme ensaio – eminentemente moderno).
- entrevista com Jules Dassin (9 páginas, continuando no próximo número), por Truffaut e Chabrol.
- artigo de 8 páginas (a continuar) sobre o cinema chinês, por Georges Sadoul.
- crítica de Robert Lachenay (Truffaut) sobre Johnny Guitar (Nicholas Ray).
- crítica de Claude Chabrol sobre Janela Indiscreta (Hitchcock).
- são anunciados diversos textos para os próximos números. Entre eles “La politique des auteurs”, assinado por Truffaut (texto que não foi publicado).
CAHIERS 47 – maio de 1955: French Can Can (Renoir)
- crítica de André Bazin sobre French Can Can.
- crítica de Maurice Shérer (assinando Schérer) sobre Viagem à Itália (Rossellini).
CAHIERS 48 – junho de 1955: Ouro de Nápoles (Vittorio De Sica)
- “Naissance du cinémascope” – crítica de Charles Bitch sobre Nasce uma Estrela (George Cukor).
CAHIERS 49 – julho de 1955: Blinkity Blank (Norman MacLaren)
- críticas de Doniol-Valcroze, Truffaut, Philippe Demonsablon e Claude Chabrol sobre A Condessa Descalça (Joseph L. Mankiewicz), num especial que abre a seção de críticas com um “Quatre opinions sur…”.
CAHIERS 50 – agosto/setembro de 1955: Marty (Delbert Mann)
- primeira parte de “Dix ans de cinéma”, texto escrito por Rossellini.
- “La Mort de Jean Vigo”, texto de Paulo Emílio Sales Gomes (8 páginas).
- “L’Enigme du Sphinx – Histoire du cinéma égyptien” – texto em duas partes de Maurice-Robert Bataille.
CAHIERS 51 – outubro de 1955: Quando o Coração Floresce (David Lean)
CAHIERS 52 – novembro de 1955: Les Mauvaises Rencontres (Alexandre Astruc)
– surge Le Conseil des dix (quadro de cotações), inicialmente com cotações de bola preta a três estrelas.
- volta a ser anunciado para as próximas edições o texto de Truffaut “La politique des Auteurs”, que nunca será publicado.
CAHIERS 53 – dezembro de 1955: A Grande Chantagem (Robert Aldrich)
- críticas de Rivette (la mise en scène) e Chabrol (le scénario) sobre Terra dos Faraós (Howard Hawks).
- crítica de Eric Rohmer sobre Aleluia (King Vidor), filme falado americano de 1929.
CAHIERS 54 – extra – Noel 1955: edição especial sobre cinema americano com capa da cena clássica de Marilyn Monroe em O Pecado Mora ao Lado (Billy Wilder)
- textos de Max Ophuls, Eric Rohmer, Rivette (“Notes sur une révolution”, no qual aponta a modernidade em filmes de Nicholas Ray, Robert Aldrich, Anthony Mann e Richard Brooks), Bazin (“Evolution du Western”), Chabrol (“Evolution du film policier”), Jean Domarchi (“Evolution du film musical”), Pierre Kast, Henri Mercillon, Adrian Scott, Harry Purvis.
- dicionário de realizadores americanos contemporâneos
- enquete sobre Hollywood (respostas de Michelangelo Antonioni, Astruc, Claude Autant-Lara, Jacques Becker, Luis Buñuel, René Clair, Jean Cocteau, Fellini, Abel Gance, Roger Leenhardt, Marcel L’Herbier, Jean Renoir, Rossellini e Jacques Tati).
CAHIERS 55 – janeiro de 1956: A Palavra (Carl Dreyer)
- críticas de Truffaut e Demonsablon sobre Lola Montes (Max Ophuls).
- “Beauté d’un western” – crítica de André Bazin sobre Um Certo Capitão Lockhart (Anthony Mann).
CAHIERS 56 – fevereiro de 1956: Ein Mädchen aus Flandern (Helmut Kautner)
- entrevista de 14 páginas com Howard Hawks, por Jacques Becker, Rivette e Truffaut.
CAHIERS 57 – março de 1956: A Trapaça (Fellini)
- “Pour saluer Visconti” – texto de Willy Acher (17 páginas) sobre Sedução da Carne e Luchino Visconti.
CAHIERS 58 – abril de 1956: A Rosa Tatuada (Daniel Mann)
- críticas de Eric Rohmer, Jean Domarchi, Philippe Demonsablon e Jacques Rivette sobre O Terceiro Tiro (Hitchcock).
- críticas de Demonsablon e André Labarthe sobre A Saga da Anatahan (Josef Von Sternberg).
CAHIERS 59 – maio de 1956: O Mistério de Picasso (Henri-Georges Clouzot)
- críticas de Rohmer e Jean Domarchi sobre Juventude Transviada (Nicholas Ray).
CAHIERS 60 – junho de 1956: foto de Kim Novak – a propósito de O Homem com o Braço de Ouro (Otto Preminger) e Férias de Amor (Joshua Logan)
- “Un film bergsonien: Le Mystère Picasso” – texto de André Bazin.
CAHIERS 61 – julho de 1956: Sorrisos de uma Noite de Verão (Bergman)
CAHIERS 62 – agosto/setembro de 1956): foto de Hitchcock (a propósito de O Homem Que Sabia Demais).
- especial Hitchcock com 30 páginas e textos de Charles Bitch e Truffaut, Joyce W.Gun e Demonsablon.
- Luc Moullet estreia na revista participando de um “Le petit journal du cinéma” coletivo e com uma crítica sobre Dinheiro Maldito (Don Siegel).
- Godard estreia na revista (sem o pseudônimo Hans Lucas) com crítica sobre Artistas e Modelos e O Tenente era Ela (ambos de Frank Tashlin).
CAHIERS 63 – outubro de 1956: La Mort en Ce Jardin (Luis Buñuel)
- “Minnelli le Magnifique” – crítica de A Lenda dos Beijos Perdidos por Jean Domarchi.
- carta bastante crítica de Barthélémy Amengual a respeito dos jovens turcos e da “política dos autores”.
- “Les lecteurs des Cahiers et la politique des auteurs” – texto de Rohmer contextualizando a polêmica iniciada por Truffaut e atacada por Amengual.
CAHIERS 64: novembro de 1956: Nunca Fui Santa (Joshua Logan)
- no anúncio da capa, dentro da página do índice, um textinho diz que o papel de Monroe em Nunca Fui Santa é o melhor de sua carreira.
- “Rencontre avec Robert Aldrich” – entrevista por Truffaut (10 páginas).
- crítica de Godard para O Homem Que Sabia Demais (Hitchcock).
- críticas de Rohmer para Férias de Amor (Logan) e de Valcroze para Nunca Fui Santa (Logan).
- crítica de Luc Moullet sobre La Mort en ce Jardin (Buñuel).
CAHIERS 65 – dezembro de 1956: Guerra e Paz (King Vidor)
- “Rencontre avec Joshua Logan” – entrevista por Charles Bitch e Rivette.
- “Réflexions sur mon métier” – texto de Carl Dreyer.
- “Réalisme et irréel chez Dreyer” – texto de Lotte Eisner sobre Carl Dreyer.
- Godard escreve um texto sobre montagem (“Montage, mon beau souci” – 2 páginas).
- “Montagem Proibida” – texto essencial de André Bazin, muito estudado até hoje.
CAHIERS 66 – extra – noel 1956: James Dean em Assim Caminha a Humanidade (George Stevens)
- edição especial L’Acteur, com textos de Nicholas Ray (sobre James Dean), Edgar Morin, Josef von Sternberg, François Leterrier, Anne Vernon, Pierre Bertin, Louis Marcorelles.
CAHIERS 67 – janeiro de 1957: A Sombra no Telhado (Victor Vicas)
- textos de Claude de Givray e Lotte Eisner sobre Erich von Stroheim.
- publicação de artigo de Sergei Eisenstein, escrito em 1940, sobre Alexandre Dovjenko (4 páginas).
- crítica de François Truffaut sobre Boneca de Carne (Kazan).
- crítica de Luc Moullet sobre Guerra e Paz (Vidor).
- o quadro de cotações (le conseil des dix) agora vai até 4 estrelas (obras-primas).
CAHIERS 68 – fevereiro de 1957: L’Amore in Cittá (Antonioni, Fellini, Risi, Zavattini, Maselli e Latuada)
- André Bazin escreve o obituário de Humphrey Bogart (6 páginas).
- crítica de Godard sobre Sangue Ardente (Nicholas Ray).
- crítica de Jean Domarchi sobre Sede de Viver (Minnelli).
- quadro com cotações baixas, refletindo uma entressafra nos lançamentos segundo os críticos presentes no “conseil des dix”.
CAHIERS 69 – março de 1957: Guerra e Paz (Vidor) (pela segunda vez)
– Rohmer entra na editoria (com Bazin e Valcroze) no lugar de Lo Duca.
- entrevista de 18 páginas com Anthony Mann, por Charles Bitsch e Chabrol.
- “Cinéma, Septième art, dixième muse, cinquième roue…” – notes de Lo Duca, que se despede da revista (10 páginas).
- crítica de Eric Rohmer sobre Bigger Than Life (Nicholas Ray).
CAHIERS 70 – abril de 1957: Sait-on Jamais? (Roger Vadim)
– Bazin escreve “De la politique des auteurs” (10 páginas), com epígrafe de Tolstoi e início autoconsciente. É o texto em que ele problematiza a política dos autores de Truffaut, Rohmer e Rivette (“Vejo bem os perigos de minha iniciativa. Os Cahiers passaram a praticar uma ‘política dos autores’. Se a opinião não se justifica pela totalidade dos artigos, encontra, desde dois anos, seu fundamento na maioria deles”). As legendas das fotos são reveladoras como um resumo da problematização que faz Bazin. O texto abre a edição, após uma página em homenagem ao então falecido Max Ophuls.
- matéria de Claude Chabrol sobre Gerd Oswald, cineasta americano relativamente desconhecido (6 páginas).
- texto de Fereydoun Hoveyda sobre o cineasta russo Frédéric (Fridrikh) Ermler (11 páginas + filmografia).
- “En marge de L’érotisme au cinéma” – texto de André Bazin (5 páginas).
CAHIERS 71 – maio de 1957: Celui Qui Doit Mourir (Jules Dassin)
- edição especial: “Situation du cinéma français” (na edição seguinte à problematização que Bazin fez da “política dos autores”).
- debate de 20 páginas com André Bazin, Jacques Doniol-Valcroze, Pierre Kast, Roger Leenhardt, Jacques Rivette e Eric Rohmer.
- verbetes de 60 diretores franceses.
- ABC Brigitte Bardot.
CAHIERS 72 – junho de 1957: A Marcha Nupcial (Erich von Stroheim)
- obituário Erich von Stroheim – souvenirs por Lotte H. Eisner (4 páginas).
- entrevista inédita com Max Ophüls, por Rivette e Truffaut (19 páginas).
- crítica de Godard sobre O Homem Errado (Hitchcock) (8 páginas).
- crítica de Jean Domarchi sobre Sabes o que Quero (Frank Tashlin).
CAHIERS 73 – julho de 1957: O Soldo do Diabo (Jack Arnold)
- Matéria de 9 páginas sobre Rossellini filmando India: Matri Bhumi, por Jean Herman.
- texto de 7 páginas sobre Marilyn Monroe, por Barthélemy Amengual.
- Truffaut dá bola preta para dois filmes de Billy Wilder (Amor à Tarde e Águia Solitária), cineasta que ele adorava.
- crítica de Eric Rohmer sobre Os Amantes Crucificados (Mizoguchi).
CAHIERS 74 – agosto/setembro de 1957: Guendalina (Alberto Lattuada)
- obituário de Léonide Keigel, diretor da revista desde a fundação, por Valcroze.
- entrevista de 15 páginas com Vincente Minnelli, por Charles Bitsch (antes Bitch) e Jean Domarchi.
- “Les trois métamorphoses d’Ingmar Bergman” – texto de Jean Béranger (10 páginas).
- “La génération de la télévision” – texto de Louis Marcorelles que destaca alguns cineastas que começaram na TV (John Frankenheimer, Delbert Mann, Sidney Lumet, Martin Ritt, Robert Mulligan) (7 páginas).
- “Un western exemplaire” – crítica de Bazin (4 páginas) sobre 7 Homens sem Destino Budd Boetticher).
CAHIERS 75 – outubro de 1957: Noites de Cabíria (Fellini)
- especial Robert Bresson, com uma entrevista coletiva e textos de Jean Semolué e Jean Cocteau (diálogos de As Damas do Bosque de Bologna) (22 páginas). Bresson tinha quatro longas à época, só um (Um Condenado à Morte Escapou) lançado durante a existência da revista.
- matéria de 6 páginas sobre Um Rei em Nova York (Chaplin), filme ainda não lançado – por Henri Colpi.
CAHIERS 76 – novembro de 1957: Cinderela em Paris (Stanley Donen)
- “Cabiria ou le voyage au bout du néo-realisme” – texto de André Bazin sobre Noites de Cabíria (Fellini) (6 páginas).
- “L’Olympe ou le comportement des Dieux” – primeira parte de um texto enorme de Kenneth Anger, continuado nas edições seguintes.
- Les conseil des dix consagra Um Rosto na Multidão (Elia Kazan).
CAHIERS 77 – dezembro de 1957: O Sol Também se Levanta (Henry King)
- “L’Émigrant” – texto de 7 páginas sobre Um Rei em Nova York (Chaplin), por Jean Domarchi.
- “Clouzot au travail” – texto de 5 páginas sobre Os Espiões (Henri-Georges Clouzot), por Truffaut.
- Robert Benayoun dá bola preta para Rua da Vergonha, último filme de Mizoguchi, destoando no quadro de cotações.
- crítica de Doniol-Valcroze sobre Um Rosto na Multidão (Kazan).
CAHIERS 78 – extra – noel 1957: especial Jean Renoir
- nova entrevista de 44 páginas, por Rivette e Truffaut.
- extensa bio-filmographie de Jean Renoir, por André Bazin (28 páginas com créditos detalhados e textos sobre cada filme – Não me recordo de bio-filmografia tão detalhada antes desta).
CAHIERS 79 – janeiro de 1958: Ascensor para o Cadafalso (Louis Malle)
- primeira parte da matéria de André Martin sobre Norman McLaren (15 páginas) – no índice, a fórmula i x i = o desenho de um monstrinho (Norman McLaren I).
- “L’Énigme des deux Nosferatu” – texto de Lotte Eisner (3 páginas).
- capa da edição 77, O Sol Também se Levanta (Henry King) ganha um mar de bolas pretas no quadro de cotações.
- crítica de Godard para Amargo Triunfo – é mais um filme (entre muitos) de Nicholas Ray a ter destaque na seção de críticas.
- crítica inspirada e muito elogiosa de Jean Domarchi (um dos classicistas da revista, que iria desconfiar de Antonioni em 1960) sobre Teu Nome é Mulher (Minnelli).
- “Positif: Copie 0″ – texto de François Truffaut em resposta às provocações da rival Positif (“Quatro ou cinco vezes por ano, Positif ‘revista mensal de cinema’ nos dirige uma pequena mensagem, sob uma capa cuja cor muda com a mesma frequência que a sede social. Isso não importa, pois por trás dessa aparente instabilidade podemos discernir, ao longo dos 26 números de Positif, uma bela unidade de pensamento. Comparados a esse bloco, os Cahiers se arriscam a parecer um pouco ecléticos demais, indulgentes e sem linha bem definida”…). Quando a Positif surgiu, em Lyon, 1952, Bazin e Valcroze a trataram como uma pequena irmã, “pobre em meios, mas rica de ideias”. Conforme a revista se mudou para Paris, em 1955, a rivalidade começou a se intensificar. A Positif é acusada de “poujadisme” (ver Antoine De Baecque) por Truffaut, ou seja, de ser estritamente corporativista.
CAHIERS 80 – fevereiro de 1958: Bom Dia, Tristeza (Otto Preminger)
- na página índice, no textinho que acompanha a explicação da capa com Jean Seberg em Bom Dia, Tristeza, os editores escrevem “Ao lermos Bom Dia, Tristeza, é difícil não pensarmos: ‘Françoise Sagan claramente viu Alma em Pânico. Essa foi sem dúvida também a opinião de Otto, que, para colocar as coisas em ordem, tratou logo de comprar os direitos de adaptação”. Bom Dia, Tristeza estrearia em abril nos EUA.
- “Renoir le constructeur” – texto de Claude Beylie (8 páginas).
- “La science fiction a l’ère des spoutniks” – texto de Fereydoun Hoveyda (9 páginas).
- “Le jeune cinéma polonais – I – Jerzy Kawalerowicz” – texto de Jerzy Plazewski (9 páginas).
- crítica de Bazin (4 páginas) sobre A Ponte do Rio Kwai (David Lean).
CAHIERS 81 – março 1958 (ed. histórica): Almas Maculadas (Douglas Sirk)
- dossiê Max Ophüls (26 páginas): textos do próprio (autobiográfico), Peter Ustinov, James Mason e Claude Beylie.
- dossiê Kenji Migoguchi (13 páginas): textos de Rivette (ver próximo tópico) e Luc Moullet + comentários sobre os filmes da retrospectiva Mizoguchi (assinadas por Charles Bitsch, Louis Marcorelles, Moullet, Rivette e Rohmer).
- “Mizoguchi vu d’ici” – texto clássico de Rivette sobre Mizoguchi.
- abaixo do quadro de cotações, um pequeno aviso de que Bom Dia, Tristeza (Otto Preminger) foi unanimidade (obviamente positiva) no seio da redação.
- Jean Douchet estreia na revista com uma crítica de Vive-se Só uma Vez (Fritz Lang, 1937).
CAHIERS 82 – abril de 1958: Meu Tio (Jacques Tati)
- o primeiro texto (3 páginas) é um elogio de Meu Tio (Tati) por Doniol-Valcroze.
- “Rencontre avec Robert Aldrich” – entrevista por François Truffaut (7 páginas).
- longo texto de Sergei Eisenstein (que Baecque diz ser o primeiro grande para a revista).
- “Le jeune cinéma polonais – II – La période de Sturm und Drang alla polacca” – segunda parte da matéria de Jerzy Plazewski iniciada na edição 80.
- Georges Sadoul (que não é da revista, mas faz parte do quadro) dá bola preta para Bom Dia, Tristeza (Preminger). A cotação de Henri Agel (colaborador) é 1 estrela.
- crítica de Rivette (3 pg.) sobre Bom Dia, Tristeza (ele dá 4 estrelas no quadro).
CAHIERS 83 – maio de 1958: Voracidade Humana (François Villiers)
- entrevista com Jacques Tati, por Bazin e Truffaut (19 páginas).
- matéria com cinco jovens cineastas franceses: Jacques Baratier, Claude Chabrol, Jacques Dupont, Edouard Molinaro e François Villiers (10 páginas).
- destaques na seção de críticas: O Sétimo Selo (Bergman) e Les Girls (George Cukor), por Jean Mambrino e Eric Rohmer, respectivamente.
- Truffaut escreve crítica elogiosa de Paixão Juvenil (Ko Nakahira). O filme é tido como marco zero da Nouvelle Vague japonesa.
- mar de estrelas para O Sétimo Selo (Bergman) no quadro de cotações (Benayoun, Bitsch, Pierre Braunberger, Jacques Demy, Alain Dorémieux, Rivette e Rohmer dão a cotação máxima; Henri Agel e Doniol-Valcroze dão 3 estrelas, e Sadoul dá 2).
CAHIERS 84 – junho de 1958: A Marca da Maldade (Orson Welles)
- entrevista com Orson Welles, por Bazin e Charles Bitsch (13 páginas).
- Juventude (Ingmar Bergman, 1950) é bem cotado no quadro (predomínio de 3 estrelas, e nenhuma negativa) e tem crítica bem positiva de Rivette.
- “Visconti joue et gagne” – crítica elogiosa a Noites Brancas (Luchino Visconti), por Philippe Demonsablon.
CAHIERS 85 – julho de 1958: Mônica e o Desejo (Ingmar Bergman)
- capa histórica com foto famosa Harriet Andersson no papel de Mônica. Ela foi o furacão sexual de toda uma geração, e Mônica e o Desejo é um dos filmes seminais da Nouvelle Vague.
- famoso texto “Bergmanorama”, de Jean-Luc Godard (5 páginas). Antoine De Baecque diz que Bergman foi então elevado ao status de autor nos Cahiers (lembrar a política dos autores) (“De minha parte, prefiro Mônica e o Desejo a Sedução da Carne, e ‘política dos autores” à dos diretores [metteurs en scène]“).
- retrospectiva Bergman, com textos de Jean Béranger, Claude Beylie, Philippe Demonsablon, Claude Gauteur, Louis Marcorelles e Eric Rohmer para diversos filmes (11 páginas).
CAHIERS 86 – agosto de 1958: A General (Buster Keaton)
- dossiê Buster Keaton, com textos de André Martin e John Schmitz (31 páginas).
- dossiê John Ford, com textos de Louis Marcorelles, Michael Killanin e Lindsay Anderson (10 páginas).
- a obra-prima Chá e Simpatia (Minnelli) é recebida sem muito entusiasmo. Mesmo o minnelliano de carteirinha, Jean Domarchi, dá “apenas” duas estrelas no quadro (e Godard, Robert Lachenay e Sadoul dão bola preta).
- na seção de críticas, destaques para O Americano Tranquilo (Mankiewicz) e Estradas do Inferno (Sternberg), por Rohmer e Moullet, respectivamente.
- texto de André Bazin (mais de 3 páginas) sobre o livro Hitchcock, escrito por Rohmer e Chabrol.
CAHIERS 87 – setembro de 1958: foto de Orson Welles
- especial Orson Welles: entrevista (25 páginas), por Bazin, Charles Bitsch e Jean Domarchi + transcrição de uma coletiva de imprensa (9 paginas) + a obra de O.W. (todos os seus trabalhos, incluindo teatro e rádio), por Bazin e Doniol-Valcroze.
- “Un film maudit” – crítica super elogiosa de Jean Domarchi sobre Paixões sem Freios (Minnelli).
CAHIERS 88 – outubro de 1958: A Maja Desnuda (Henry Koster)
- anúncio do índice diz que “Le conseil des dix” voltará só na edição seguinte “devido à penúria atual dos filmes”.
- “Un arbre est un arbre” – texto de King Vidor (11 páginas).
- entrevista com Ingmar Bergman, por Jean Béranger (9 páginas).
- retrato de Ava Gardner (atriz que está na capa), por Claude Gauteur + bio-filmographie (10 páginas).
CAHIERS 89 – novembro de 1958: Os Amantes (Louis Malle)
- entrevista com Nicholas Ray, por Charles Bitsch (17 páginas, com filmografia) + texto de Gavin Lambert sobre Ray.
- dois textos sobre cinema inglês, por Louis Marcorelles e Alain Tanner.
- Jean Domarchi dá 1 estrela para a obra-prima absoluta Une Vie (Alexandre Astruc, cineasta importante para a NV) – os outros do quadro ficam entre 2 e 3.
- mar de estrelas para mais um filme de Bergman: Sonhos de Mulheres (+ crítica super positiva de Rohmer).
CAHIERS 90 – dezembro de 1958 (noel): Ivan, o Terrível (Eisenstein)
– Bazin morre em novembro de 1958. Valcroze e Rohmer (a partir do nº 69) continuam na editoria.
- Na edição especial são publicados trechos de nove roteiros de jovens cineastas franceses. A cahiers 91 terá capa Bazin.
- página 20: lista dos melhores filmes de todos os tempos: 1. Aurora (Murnau); 2. A Regra do Jogo (Renoir); 3. Viagem a Itália (Rossellini); 4. Ivan, O Terrível (Eisenstein); 5. O Nascimento de uma Nação (Griffith); 6. Grilhões do Passado (Welles); 7. A Palavra (Dreyer); 8. Contos da Lua Vaga (Mizoguchi); 9. O Atalante (Vigo); 10. Marcha Nupcial (Stroheim); 11. Sob o Signo de Capricórnio (Hitchcock); 12. Monsieur Verdoux (Chaplin). Votantes: Bazin, Beylie, Bitsch, Chabrol, Demonsablon, Domarchi, Doniol-Valcroze, Douchet, Gauteur, Godard, Hoveyda, Marcorelles, Martin, Moullet, Rivette, Rohmer, Truffaut.
- contracapa: Hiroshima Meu Amor (Alain Resnais).
CAHIERS 91 – janeiro de 1959: André Bazin, sua esposa e o papagaio Coco
- especial André Bazin (57 páginas): testemunho de cineastas, textos de críticos e souvenirs de amigos (textos e souvenirs: Guy Leger, Pierre-Aimé Touchard, Jean-Louis Tallenay, Janick Arbois, Joseph Rovan, Roger Leenhardt, Claude Roy, Alexandre Astruc, Claude Vermorel, Truffaut, Rohmer, Georges Sadoul / testemunhos: Juan Antonio Bardem, Bresson, Buñuel, Cocteau, Fellini, Jacques Flaud, Abel Gance, Henri Langlois, Alberto Lattuada, Jerzy Plazewski, Renoir, Paulo Emílio Sales Gomes) + texto de Bazin sobre seu papagaio brasileiro (“De la dificulté d’être Coco” – 6 páginas).
- quadro de cotações: só 2 ou 3 estrelas para o curta Os Pivetes (Truffaut). Só bolas pretas para O Bárbaro e a Gueixa (John Huston, diretor tido como medíocre pelos jovens turcos).
CAHIERS 92 – fevereiro de 1959: Um Corpo que Cai (Hitchcock)
- entrevista com Richard Brooks, por Charles Bitsch (20 páginas).
- entrevista com Hitchcock, por Charles Bitsch (3 páginas).
- foto do mês antológica com Truffaut e seu diretor de fotografia, Jean Rabier, no set de filmagem de Os Incompreendidos, com pequeno texto de Godard.
- “Super Mann” – crítica de Godard sobre O Homem do Oeste (Anthony Mann).
CAHIERS 93 – março de 1959: Nas Garras do Vício (Claude Chabrol)
- entrevista com Luchino Visconti, por Doniol-Valcroze e Domarchi (10 páginas).
- “Sam Fuller sur les brisées de Marlowe” – texto clássico de Luc Moullet.
- texto de J.F.Aranda sobre Nazarin, de Buñuel (6 páginas).
- quadro de cotações: mar de estrelas para Um Corpo que Cai (Hitchcock). Sadoul dá bola preta para a obra-prima Renegando o meu Sangue (Fuller – diretor normalmente odiado por críticos franceses de esquerda).
- crítica clássica de Rohmer sobre Um Corpo que Cai (3 páginas).
- crítica positiva de Jean Douchet sobre Nas Garras do Vício (Chabrol).
CAHIERS 94 – abril de 1959: India: Matri Bhumi (Rossellini)
- entrevista com Rossellini, por Fereydoun Hoveyda e Rivette (11 páginas)
- “Paul ou les ambiguités” – texto de Jean Domarchi sobre Os Primos (Chabrol).
- “Le point de vue du metteur en scène” – texto de Sidney Lumet.
- quadro de cotações: Gigi (Minnelli) ganha bola preta de Godard, Moullet, Rivette e Sadoul. No Limiar da Vida (Bergman) é o melhor cotado no quadro.
- crítica clássica de Godard sobre Amar e Morrer (Douglas Sirk).
CAHIERS 95 – maio de 1959: Morangos Silvestres (Ingmar Bergman)
- dossiê Kenji Mizoguchi (27 páginas) – textos de Philippe Demonsablon, Luc Moullet e testemunho de Mizoguchi.
- “Du côté de chez Antoine” – texto de Rivette sobre Os Incompreendidos (Truffaut).
- “Le plus grand anneau de la spirale” – texto de Fereydoun Hoveyda sobre Morangos Silvestres (8 páginas).
- quadro de cotações: Godard dá bola preta para Os Apuros de um Xerife (Raoul Walsh).
- crítica de Jean Douchet sobre A Prisão (Bergman).
- crítica de Godard sobre Le Tête Contre les Murs (Franju).
CAHIERS 96 – junho de 1959: Os Incompreendidos (Truffaut)
- capa: Antoine Doinel e seu amigo olham para a foto de Harriet Andersson como Monika. Na matéria sobre o Festival de Cannes, Doniol-Valcroze diz que Os Incompreendidos foi uma bomba cujo eco se prolongará por muito tempo.
- “Les secrets d’Eisenstein” – texto de Jean Domarchi que terá continuação nos números seguintes (7 páginas).
- “Le testament de Dovjenko” – texto de André Martin (6 páginas).
- “La semaine du cinema soviétique” – textos de Jean Douchet, Hoveyda, Marcorelles, André Martin e Rohmer.
- “Wajda et l’école du réalisme subjectif” – texto de Jerzy Plazewsky sobre Andrej Wajda (8 páginas).
- na página de anúncios: a primeira edição da revista Présence du Cinéma.
CAHIERS 97 – julho de 1959: Hiroshima Meu Amor (Alain Resnais)
- mesa redonda sobre Hiroshima Meu Amor (18 páginas): Jean Domarchi, Doniol-Valcroze, Godard, Pierre Kast, Rivette e Rohmer. Resnais é saudado como “a inteligência e a sensibilidade da NV” (segundo Baecque relata em seu livro). Rohmer o considera o primeiro filme moderno do cinema falado, mas tem suas ressalvas.
- quadro de cotações: muitas 4 estrelas para Hiroshima Meu Amor (incluindo Douchet) e Os Incompreendidos.
- crítica clássica de Luc Moullet sobre Rio Bravo, de Howard Hawks (“Eu odeio o western. Eis o porquê de adorar Rio Bravo“).
- crítica negativa de Godard sobre Orfeu Negro (Marcel Camus).
CAHIERS 98 – agosto de 1959: A Imperatriz Yang Kwei Fei (Mizoguchi)
– “Sobre uma arte ignorada” (Michel Mourlet): um manifesto do MacMahonismo – publicado em itálico e com um aviso de que o texto defende uma posição muito pessoal, não compartilhada integralmente pela redação. A presença do aviso indica a posição radical dos macmahonistas dentro da revista (como lembra Antoine De Baecque, os diretores prediletos da escola machahonista são Losey, Lang, Fuller, Walsh, Cottafavi, Preminger).
["Há um mal-entendido sobre o cinema. Digo: no coração mesmo da elite que faz profissão de elaborar ou de compreender a arte. Uma extrema confusão preside seus julgamentos e seus trabalhos. Uma falta de abertura inclina uns a considerar o cinema como um divertimento menor que abandonamos rapidamente para retornar às coisas sérias, tais como a literatura. Uma falha de exigência incita outros a povoar seu panteão em cinquenta anos de uma centena de gênios, e a descobrir uma obra importante por semana. Estes são os mais perigosos, pois a espécie dos primeiros se apagaria por si mesma sob o peso do tempo e da evidência, caso ela não se achasse fortificada pela parca seriedade dos segundos." (...) " Essa arte é a que mais exige disponibilidades, flexibilidade, aquela cujo deus adorado no dia anterior deve poder ser renegado no dia seguinte. Imaginemos o espectador ideal à beira da tela, monstro de inocência e de rigor."]
CAHIERS 99 – setembro de 1959: O Tigre de Bengala (Fritz Lang)
- dossiê Fritz Lang, com entrevista, por Jean Domarchi e Rivette (9 páginas); e textos de Philippe Demonsablon (9 páginas) e Michel Mourlet (6 páginas) + biofilmographie (11 páginas).
- “La troisième clé d’Hitchcock” – 1ª parte de texto de Jean Douchet (7 páginas).
CAHIERS 100 – outubro de 1959: capa comemorativa com desenho de Jean Cocteau.
- edição com textos especiais, sem críticas de filmes.
- “Qu’est-ce que la mise en scène” – texto clássico de Alexandre Astruc (4 páginas).
- Doniol-Valcroze escreve a história dos Cahiers.
CAHIERS 101 – novembro de 1959: Os Olhos sem Rosto (Georges Franju)
- entrevista com Franju, por Truffaut (15 páginas).
- Franju escreve sobre o estilo de Fritz Lang (texto de 1937).
- Primeira parte do texto de Philippe d’Hugues sobre Jean Vigo.
- quadro de cotações: Godard (crítico que escreveu Bergmanorama) dá bola preta para O Rosto (Bergman).
CAHIERS 102 – dezembro de 1959: Le Dejeuner sur L’Herbe (Jean Renoir)
- “Jeunesse de Jean Renoir” – texto de Eric Rohmer.
- “Plaisir à Melville” – texto de Jean Domarchi.
- entrevista com Hitchcock, por Domarchi e Douchet.
- destaques na revista para Le Dejeuner Sur L’Herbe (Renoir), De Crápula a Herói (Rossellini) e Intriga Internacional (Hitchcock).
CAHIERS 103 – janeiro de 1960: Acossado (Godard)
- texto de Henri Colpi (14 pg.) sobre a música de Hiroshima Meu Amor (Resnais).
- “Le Mythe d’Aristarque” – texto clássico de Michel Mourlet.
- “L’écrivain de cinema en quête de son paradoxe” – texto de Luc Moullet (17 páginas).
- crítica de Jean Domarchi sobre Cidadão Kane (Welles) – unanimidade no quadro de cotações (os dez críticos deram 4 estrelas).
CAHIERS 104 – fevereiro de 1960: Amor Livre (Doniol-Valcroze)
- capa para o filme de um dos fundadores da revista.
- entrevista com Robert Bresson, por Doniol-Valcroze e Godard (7 páginas).
- texto de Michel Mayoux sobre Jean Grémillon.
- “L’homme au fouet” – texto de Louis Marcorelles sobre King Vidor + biofilmographie (18 páginas).
CAHIERS 105 – março de 1960: Le Bel Âge (Pierre Kast).
- entrevista com Fréderic (Fridrikh) Ermler, por Georges Sadoul.
- “Peines d’amour perdues” – texto de Jean Domarchi (Baecque: “considérations sur le dandysme de la Nouvelle Vague” / Eu: a partir dos filmes de Kast, Doniol-Valcroze e Godard que foram capas da revista) (10 páginas).
- “Welles et Rossellini” é o título da crítica de Jean-Louis Laugier sobre Colinas da Ira (Robert Aldrich).
CAHIERS 106 – abril de 1960: foto de Jacques Becker (1906-1960)
- homenagem a Jacques Becker, com textos de Cocteau, Renoir, Godard, Jean Aurel, Claude de Givray e Doniol-Valcroze (16 páginas).
- texto de Luc Moullet sobre Godard (12 páginas).
- entrevista com Luchino Visconti, por Jean Slavik (5 páginas).
- quadro: 1 estrela de Jean Douchet para O Testamento de Orfeu (Cocteau), o destaque da seção de críticas, com texto muito positivo de Rivette (que dá 4 estrelas no quadro). O texto é curto e intitulado “La Mort aux trouses”, que é o título francês de Intriga Internacional (Hitchcock).
- estreia (segundo Baecque) de Michel Delahaye na revista, com crítica sobre Os Olhos sem Rosto (Franju) – na verdade ele tinha escrito uma nota sobre Pantalaskas (Paul Paviot) na edição 105.
CAHIERS 107 – maio de 1960 (ed. histórica): As Belas do Bas-Fond (Nicholas Ray)
- texto de Robert Aldrich respondendo às críticas dos seus dois últimos filmes, Colinas da Ira e A Dez Segundos do Inferno (5 páginas).
– “Apologia da violência”, texto antológico de Michel Mourlet (“A violência é um tema maior da estética” / “Charlton Heston é um axioma”). Publicado em itálico (em 4 páginas), como “Sobre uma arte ignorada”, o primeiro de Mourlet.
- “Le plus grand film français” – texto de Jean-Pierre Melville (diretor influente para a Nouvelle Vague) sobre o último filme de Jacques Becker, A Um Passo da Liberdade (6 páginas).
- “La réponse de Nicholas Ray”, texto super elogioso de Fereydoun Hoveyda sobre As Belas do Bas-Fond (11 páginas).
- quadro: Jean-Pierre Melville é a única quatro estrelas para A Um Passo da Liberdade (os demais dão 2 ou 3) e a única bola preta para As Belas do Bas-Fond (que varia de 1 a 4 estrelas).
- Na seção de críticas, destaque absoluto para O Tesouro de Barba Rubra (Lang) com texto antológico de Jean Douchet (único que dá 4 estrelas no quadro).
CAHIERS 108 – junho de 1960: L’Amerique Insolite (François Reichenbach)
- Jean Cocteau defende seu filme, O Testamento de Orfeu.
- Jonas Mekas escreve sobre o novo cinema americano: Come Back, Africa (Lionel Rogosin), Rua do Crime (Don Siegel), Sombras (Cassavetes), Pull my Daisy (Robert Frank), Weddings and Babies (Morris Engels), Propriedade Privada (Leslie Stevens) (11 páginas).
- no texto sobre o Festival de Cannes de 1960, o minnelliano Jean Domarchi escreve, a respeito de Herança da Carne (Minnelli): “é um evento de uma importância excepcional na história do cinema americano”.
- quadro: Rohmer dá bola preta para Proibido! (Fuller), enquanto Moullet dá 4 estrelas (e na crítica, diz que o filme “encarna a essência mesma do cinema”).
- “Le plus pur regard” – crítica de André S. Labarthe sobre Entre Amigas (Chabrol).
CAHIERS 109 – julho de 1960: O Pequeno Soldado (Godard)
- entrevista com Jean Cocteau, por Domarchi e Laugier (20 páginas).
- crítica de Luc Moullet sobre Time Without Pity (Joseph Losey), segundo Baecque, “extraindo o filme para fora do esforço do grupo do MacMahon” –
[Moullet: "Se Time Without Pity tem sucesso em estrear na França no Cinéma d'Essai, após três anos de espera, é em grande parte graças à publicidade feita em torno de seu realizador pela crítica dita "macmahonista", devido ao nome do cinema que apresenta os filmes que eles defendem; e mais particularmente por dois de seus membros, Jean Douchet e Michel Mourlet"].
CAHIERS 110 – agosto de 1960: A Aventura (Antonioni)
- especial sobre cinema indiano e Satyajit Ray (18 páginas).
- Baecque: “Labarthe apresenta o cinema moderno: A Aventura“. Segundo o historiador, Labarthe era um dos maiores defensores de Antonioni e do cinema moderno na revista. A Aventura dividiu a redação. Os classicistas desconfiavam, os entusiastas do moderno aplaudiam de pé. Na edição 108, Domarchi, no relato sobre Cannes, “faz suas reticências” ao filme. A “batalha do moderno” começava.
- texto importante de Hoveyda sobre a crítica na moda Cahiers (11 páginas).
- quadro: três bolas pretas para Com Sangue se Escreve a História (Gance): sinal de liberdade.
CAHIERS 111 – setembro de 1960 (ed. histórica): capa Joseph Losey
– edição MacMahonista: textos de Pierre Rissient, Jacques Serguine, Michel Mourlet, Marc Bernard.
- textos clássicos do macmahonismo: “Conaissance de Joseph Losey, por Pierre Rissient; “Beauté de la conaissance”, por Michel Mourlet; “Education du spectateur”, por Jacques Serguine.
- seção de críticas: destaque para As Legiões de César (Vittorio Cottafavi) – crítica de Michel Delahaye.
CAHIERS 112 – outubro de 1960: A Pirâmide Humana (Jean Rouch)
- entrevista com Antonioni + biofilmo, por André S. Labarthe (14 páginas).
- publicação do roteiro de A Pirâmide Humana (Rouch). A Cahiers sempre teve o hábito de publicar roteiros ou esboços de projetos de cineastas que eles defendem.
- Alexandre Dovjenko por Georges Sadoul.
- Sangue Sobre a Neve, a obra-prima máxima de Nicholas Ray, é recebido sem muito entusiasmo, exceto por Jean Douchet, que critica e dá 4 estrelas no quadro.
CAHIERS 113 – novembro de 1960 (ed. histórica): Psicose (Hitchcock)
- “Psychanalyse de Psycho” – texto de Robin Wood abre a edição (6 páginas).
- “Hitch et son Public” – texto clássico de Jean Douchet (“este artigo está proibido àqueles que ainda não viram Psicose“).
- “Petit panégyrique d’un grand directeur” – texto de Jean Domarchi sobre George Cukor (6 páginas).
- “Autopsie du gag I” – primeira parte de texto clássico de François Mars sobre a comédia do burlesco (10 páginas) – continua nas ed. 116, 117 e 121.
- quadro: Jean de Baroncelli e Georges Sadoul quebram, com duas estrelas cada, a harmonia das quatro estrelas para O Intendente Sansho (Mizoguchi).
- na seção de críticas, destaque para dois filmes de Antonioni: A Aventura e A Dama Sem Camélias.
CAHIERS 114 – dezembro de 1960: capa Bertolt Brecht
- especial Brecht (51 páginas): textos do próprio, de Joseph Losey, Bernad Dort (ver próximo tópico) e Louis Marcorelles. (Baecque: “<<Acreditamos que pontos de convergência com disciplinas rivais são, não somente necessárias, como desejáveis>>: Marcorelles e Dort, coordenadores da edição, tentam abrir a Cahiers”).
- “Pour une critique brechtienne du cinéma” – texto importante de Bernard Dort.
- Jean Douchet coloca O Intendente Sansho (Mizoguchi) nas alturas.
CAHIERS 115 – janeiro de 1961: Un Couple (Jean-Pierre Mocky)
- entrevista com George Cukor, por Rohmer e Domarchi (9 páginas) + bio-filmographie por Luc Moullet.
CAHIERS 116 – fevereiro de 1961: Le Proie pour L’Ombre (Alexandre Astruc)
- entrevista com Astruc, por Rivette e Rohmer (12 páginas).
- três entrevistas com Mizoguchi, por Tsuneo Hazumi (7 páginas) – O Intendente Sansho é eleito o filme do ano pela redação dos Cahiers.
- “Avant les avant-première” – François Weyergan destaca alguns filmes franceses “ambiciosos, audaciosos e belos” que não conseguiam chegar ao circuito: Paris Nos Pertence (Rivette), O Pequeno Soldado (Godard), A Pirâmide Humana (Rouch), O Signo do Leão (Rohmer).
- para o minnelliano Jean Domarchi, Essa Loira Vale um Milhão é uma obra-prima (4 estrelas no quadro e crítica super positiva abrindo a seção de críticas).
CAHIERS 117 – março de 1961: O Jogo Francês (Doniol Valcroze)
- mais uma capa comprometida, dada ao filme do fundador da revista.
- texto de André Labarthe sobre Orson Welles.
- François Weyergans defende Lola, A Flor Proibida (Demy) ["É preciso amar a Nouvelle Vague"].
- “Un art de laboratoire” – crítica clássica de Jean Douchet sobre Entrevista com a Morte (Joseph Losey).
- segundo Baecque, Rohmer reconhece as “contradições de nosso conselho de redação”: os “defensores da jovem escola europeia, de Antonioni a Godard” contra os “cinéfilos fanáticos pelo cinema americano”. (isso não está na edição).
CAHIERS 118- abril de 1961: capa televisão
- a edição toda é dedicada aos trabalhos televisivos, e coordenada por André Labarthe e Jacques Siclier.
CAHIERS 119 – maio de 1961: Sombras (John Cassavetes)
- especial Cassavetes, com textos do próprio, de Louis Marcorelles e Gene Moskowitz (sobre o cinema independende americano) (22 páginas).
CAHIERS 120 – junho de 1961: Exodus (Otto Preminger)
- abre com texto de Michel Delahaye sobre Jean Rouch (11 páginas).
- texto clássico de Jacques Rivette sobre Kapó (Pontecorvo): “Da abjeção”.
- texto de Labarthe (com contribuição de Rohmer) sobre cinema polonês.
- crítica de destaque: François Weyergans sobre A Nova Saga do Clã Taira (Mizoguchi). No quadro, mar de estrelas para o filme (exceto Sadoul, que dá 2).
CAHIERS 121 – julho de 1961: Jules et Jim – Uma Mulher Para Dois (Truffaut)
- primeira de três capas seguidas com filmes da Nouvelle Vague e de cinco com filmes franceses.
- entrevista com Otto Preminger, por Doniol-Valcroze e Rohmer.
- publicação do texto clássico “O gosto da beleza”, de Eric Rohmer ["A obra de Preminger é pura beleza"]. (Baecque: “texto manifesto: a beleza parte de Preminger e toca Astruc, Rouch, Chabrol”)
CAHIERS 122 – agosto de 1961: Uma Mulher é Uma Mulher (Godard)
- entrevista com Edgar G. Ulmer (mestre do filme B), por Luc Moullet e Bertrand Tavernier (16 páginas).
- “Esther et les autres – Le cinéma redécouvre l’histoire” – texto de Jacques Joly.
- crítica histórica de Jean Douchet sobre Os Mil Olhos do Dr. Mabuse (Fritz Lang) – (Baecque: “Douchet define seu método de decifração do filme em seu texto…”).
- crítica de Michel Mardore sobre Os Argonautas (Riccardo Freda) – (Baecque: “primeiro texto de Mardore: elogio do peplum [gênero também conhecido como espada e sandália]” / “François Mars está sob choque com O Mensageiro Trapalhão [Lewis]“).
CAHIERS 123 – setembro de 1961: O Ano Passado em Marienbad (Resnais)
- (Baecque: “O Ano Passado em Marienbad envolve uma parte da redação em torno da ‘arte moderna’: Labarthe, Weyergans, Rivette”).
- entrevista com Resnais e Robbe-Grillet, por Labarthe e Rivette (18 p.).
- texto de Claude Beylie sobre O Testamento do Dr.Cordelier (Renoir) (11 páginas).
- crítica super elogiosa de Luc Moullet sobre A Adolescente (Buñuel).
CAHIERS 124 – outubro de 1961: Leon Morin, Prêtre (Jean-Pierre Melville)
- entrevista com Jean-Pierre Melville, por Claude Beylie e Bertrand Tavernier (21 páginas) (Baecque: “o inventor da Nouvelle Vague”).
- texto clássico de Jean Douchet, na cobertura do Festival de Veneza, sobre O Ano Passado em Marienbad (Resnais) (“Quantos filhos de Hiroshima [Meu Amor], idiotas e monstruosos, não temos já a deplorar? Pois serão anjos de beleza comparados aos filhos de Marienbad.”).
CAHIERS 125 – novembro de 1961: Adieu Philippine (Jacques Rozier)
- entrevista com Serge Youtkevitch (cineasta soviético), por Louis Marcorelles e Rohmer (27 páginas).
- cobertura da “Semana do Cinema Soviético”, por Louis Marcorelles (5 páginas).
- “Cinéma vérité ou réalisme fantastique” – texto de Fereydoun Hoveyda sobre Jean Rouch (9 páginas).
- texto de André Labarthe sobre Uma Mulher é Uma Mulher (Godard).
CAHIERS 126 – dezembro de 1961 (ed. histórica): sem foto (La Critique).
– edição especial sobre A Crítica. (Baecque: “Os Cahiers procuram sua identidade”).
- debate entre Morvan Lebesque, Pierre Marcabru, Jacques Rivette, Eric Rohmer e Georges Sadoul (26 páginas).
- cada texto vem acompanhado de uma pequena foto 3×4 do autor (mostra-se o rosto da crítica).
- publicação do texto essencial “A Arte de Amar”, de Jean Douchet (“a crítica é a arte de amar” – depende de um equilíbrio entre paixão e lucidez / metáfora do rio e do afluente).
- “La critique entre deux chaises” – texto de André S. Labarthe.
- “Quatre problèmes” – texto de François Weyergans.
- “Autocritique” – texto de Fereydoun Hoveyda.
- enquete com críticos de fora da redação dos Cahiers (37 páginas).
CAHIERS 127 – janeiro de 1962: Rei dos Reis (Nicholas Ray)
- entrevista com Nicholas Ray, por Douchet e Jacques Joly (17 páginas).
- (Baecque: “textos sobre Ford (Philippe D’Hugues) e sobre Lubitsch (Douchet). Um número para cinéfilos”).
CAHIERS 128 – fevereiro de 1962: Os 4 Cavaleiros do Apocalipse (Minnelli)
- entrevista com Vincente Minnelli, por Domarchi e Douchet (11 páginas).
- entrevista com o roteirista Philip Yordan, por Tavernier (9 páginas).
- “Voyage a Washington” – texto de Domarchi sobre alguns filmes americanos: Tempestade Sobre Washington (Preminger), Clamor do Sexo (Kazan), Bonequinha de Luxo (Blake Edwards).
- crítica de Michel Delahaye sobre Paris Nos Pertence (Rivette) – o crítico dá 4 estrelas no quadro de cotações (o outro moderno no quadro, Labarthe, tb dá 4).
CAHIERS 129 – março de 1962: Leviathan (Leonard Keigel)
- capa para o filme do diretor administrativo da revista.
- entrevista com Roger Planchon (diretor de teatro), por Claude Gauteur (17 páginas).
- melhores de 1961 segundo a revista: 1. Lola, A Flor Proibida (Jacques Demy); 2. Uma Mulher é Uma Mulher (Godard); 3. Paris Nos Pertence (Rivette); Rocco e seus Irmãos (Visconti); 5. A Nova Saga do Clã Taira (Mizoguchi)…
- Jean Douchet defende Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse (Minnelli) como obra-prima, enquanto Rivette dá bola preta para o filme no quadro.
- crítica sobre Rei dos Reis (Ray) – primeiro texto de Jean-André Fieschi.
CAHIERS 130 – abril de 1962: Cleo das 5 às 7 (Varda)
- entrevista com Elia Kazan, por Domarchi e Labarthe (14 páginas).
- “Le triomphe de la femme” – texto de Claude Beylie sobre Agnès Varda (10 páginas).
- “Le plus bel animal du monde” – texto de Michel Mardore sobre Buster Keaton, publicado em itálico.
- filmografia comentada de Buster Keaton (12 páginas): textos de Claude Beylie, Jean-André Fieschi, Claude Gauteur e Michel Mardore.
CAHIERS 131 – maio de 1962: Viva Itália (Rossellini)
- especial “Situação do cinema italiano” – textos de Labarthe, Jacques Joly, Fieschi, Jacques Siclier, Moullet, Michel Mardore e Louis Marcorelles + verbetes de 54 cineastas italianos.
CAHIERS 132 – junho de 1962: O Terror das Mulheres (Jerry Lewis)
- texto de Labarthe (7 páginas) sobre Jerry Lewis.
- crítica de Rivette sobre Clamor do Sexo (Kazan) = obra-prima (4 estrelas no quadro da edição anterior).
- cartas longas de Jean Combacau (professor e escritor: “Jean Douchet, meu crítico preferido”) e Patrick Brion (crítico de cinema e cineclubista, então com 20 anos).
- (Baecque: “fora da edição, mas decisivo: Doniol-Valcroze, Rivette, Truffaut, Kast e Godard redigem um <<manifesto dos cinco>> que pede a Rohmer, redator-chefe, que oriente a revista em direção à defesa da Nouvelle Vague).
CAHIERS 133 – julho de 1962: Viver a Vida (Godard)
- entrevista com Rossellini, por Domarchi, Douchet e Hoveyda (15 páginas).
- Jean Douchet eleva às alturas Le Caporal Épinglé (Renoir) – a crítica ocupa 7 páginas e meia.
- Claude Beylie faz o mesmo com O Signo do Leão (Rohmer).
(Baecque: “fora da edição: Rohmer se recusa a mudar a linha da revista” – EU: nota-se, contudo, um discreto aumento de textos sobre filmes da Nouvelle Vague, e Douchet, que segue a linha de Rohmer, continua cobrindo os principais festivais de cinema – Cannes e Veneza – e atribuindo valor aos filmes em primeiro lugar. De todo modo, Baecque diz que o conflito é mais entre Rohmer e Rivette – um defende a desconfiança com o cinema novo europeu, o outro, a abertura a esse cinema).
CAHIERS 134 – agosto de 1962: La Dénonciation (Doniol-Valcroze)
– capa para o filme de Doniol-Valcroze (La Dénonciation), então coeditor da revista com Rohmer. O filme anterior (O Jogo Francês), tem crítica morna e predominância de 1 estrela no quadro.
- entrevista com Billy Wilder, por Domarchi e Douchet (12 páginas).
- “Introducing Richard Quine” – entrevista por Tavernier e Yves Boisset (8 páginas).
- Vanina Vanini (Rossellini) divide o quadro. 4 estrelas para Beylie, Delahaye, Douchet e Rivette; bola preta para Jean de Baroncelli e Bertrand Tavernier.
CAHIERS 135 – setembro de 1962: Thérèse Desqueyroux (Georges Franju)
- entrevista com Henri Langlois, por Rohmer e Michel Mardore (25 p.).
- primeiro texto de Jean-Louis Comolli – sobre Sargento York (Howard Hawks).
CAHIERS 136 – outubro de 1962: O Homem que Matou o Facínora (John Ford)
- capa para Ford (o clássico Rastros de Ódio foi mal recebido pela revista em 1957).
- especial King Vidor (33 páginas): entrevista por Moullet e Delahaye; texto de Michel Delahaye + filmografia parcial comentada por Michel Mardore, Luc Moullet, Claude-Jean Philippe e Bertrand Tavernier).
- na cobertura de Veneza, Douchet se encanta com Viver a Vida (Godard). Para Baecque, é um sinal de aproximação da revista com a Nouvelle Vague.
– La Dénonciation ganha cotações mornas (entre 1 e 2 estrelas), e uma bola preta de Labarthe.
- ainda no quadro, O Eclipse (Antonioni) ganha 1 estrela de Douchet e “apenas” duas do antoniniano Labarthe.
CAHIERS 137 – novembro de 1962: O Processo de Joana D’Arc (Bresson)
- entrevista com Roger Leenhardt, por Jean Collet (13 páginas).
- “A dificuldade de ser Jean-Luc Godard” – texto de Jean-André Fieschi sobre Viver a Vida (12 páginas).
- seção de críticas: destaque para Eva (Losey), por Hoveyda (4 estrelas no quadro).
- crítica de Jean-Louis Comolli sobre Tempestade Sobre Washington (Otto Preminger).
CAHIERS 138 – dezembro de 1962: Adieu Philippine (Jacques Rozier)
– edição especial Nouvelle Vague. Entrevistas com Chabrol, Godard e Truffaut (58 páginas), por Jean Collet, Delahaye, Fieschi, Labarthe e Tavernier.
- verbetes para 162 novos cineastas franceses.
CAHIERS 139 – janeiro de 1963 (ed. histórica): Hatari (Howard Hawks)
- texto clássico de Henri Langlois abre a edição: “Hawks homme moderne”.
- filmografia comentada de Hawks (52 páginas), com textos de Claude Beylie, Jean-Louis Comolli, Jean Douchet (monumento sobre Hatari), Jean-André Fieschi, Claude de Givray, André Labarthe, Louis Marcorelles, Rohmer e Tavernier.
- “Les paradoxes de la fidélité” – crítica de Claude Beylie sobre Thérèse Desqueyroux (Georges Franju).
CAHIERS 140 – fevereiro de 1963: 14-18 (Jean Aurel)
- entrevista com Robert Bresson, por Yves Kovaes (7 páginas).
- entrevista com Robert Drew e Richard Leacock, por Marcorelles e Labarthe (10 páginas).
- entrevista com Arthur Penn, por Labarthe (6 páginas).
- quadro: Jean Douchet dá bola preta para O Processo (Welles).
- crítica de Paul Vecchiali sobre Pistoleiros do Entardecer (Sam Peckinpah).
- crítica de Claude-Jean Philippe sobre O Milagre de Anne Sullivan (“Arthur Penn é um poeta”).
- “Chronique de la T.V.” – nova seção na revista, por André Labarthe.
CAHIERS 141 – março de 1963: Un Jeune Homme Honorable (nome de trabalho do que viria a ser L’Aîné des Ferchaux, de Jean-Pierre Melville).
- “Vivre le film” – texto de Jean-Louis Comolli
(Baecque: “Um classicismo cinefílico nutrido de referências filosóficas”. Baecque completa: J.-A. Fieschi afirma a superioridade do cinema moderno europeu face ao cinema clássico americano [na crítica sobre Bandits à Orgosolo, de Vittorio De Seta]. Os dois jovens críticos se antecipam. De suas escolhas depende a saída do conflito Rohmer/Rivette).
- 5 melhores de 1962 para os Cahiers: 1. Viver a Vida (Godard); 2. Jules et Jim – Uma Mulher Para Dois (Truffaut); 3. Hatari (Hawks); 4. Viridiana (Buñuel); 5. O Signo do Leão (Rohmer).
CAHIERS 142 – abril de 1963: Tempo de Guerra (Godard)
- entrevistas com Robert Parrish (por Bertrand Tavernier – 16 páginas) e John Houseman (produtor de melodramas na MGM, e antes parceiro de Orson Welles no Mercury Theatre – por Penelope Houston – 14 páginas). Trata-se de uma edição estranha.
CAHIERS 143 – maio de 1963: Os Pássaros (Hitchcock)
- entrevista com Stanley Donen, por Tavernier e Daniel Palas (19 páginas).
- quatro textos sobre O Processo de Joana D’Arc (Bresson) (15 páginas) – textos de Paul Vecchiali, Claude Beylie, Jean-Louis Comolli e Rivette.
(Baecque: “Comolli define um novo valor para a crítica: a <<suspensão dos sentidos>>, indício importante do filme moderno”).
- “Si nos brechtiens…” – título da crítica de Jean-André Fieschi para dois filmes de Claude Chabrol: Ophélia e A Verdadeira História do Barba Azul.
CAHIERS 144 – junho de 1963: Pour la Suite du Monde (Pierre Perrault)
- entrevista com Jean Rouch, por Rohmer e Marcorelles (22 páginas).
- texto de Georges Sadoul sobre Dziga Vertov (9 páginas).
- Rohmer dá 1 estrela para O Anjo Exterminador (Buñuel) – única cotação negativa no quadro. Com a exceção de Henri Agel (1 estrela), A Faca na Água, estreia de Roman Polanski em longas, é bem recebido no quadro.
(Baecque: “frente à vontade de Doniol, Rivette e Truffaut de impor um comitê de redação à cabeça dos Cahiers, Rohmer deixa a revista. Rivette o substitui”).
———————————————————————
CAHIERS 145 – julho de 1963: O Cardeal (Preminger)
- golpe de estado disfarçado:
comitê de redação e secrétariat: Jean Domarchi, Jacques Doniol- Valcroze, Jean Douchet, Godard, Fereydoun Hoveyda, Pierre Kast, Léonard Keigel, André Labarthe, Dossia Mage, Claude Makovski, Louis Marcorelles, Luc Moullet, Jacques Rivette, Rohmer e Truffaut.
- editorial explica a mudança de forma diplomática (segundo Baecque).
- entrevista com Rossellini, por Hoveyda e Rohmer (12 páginas).
- “Vienne année Otto” – texto de Douchet sobre Preminger e O Cardeal.
——————————————————————
- a mudança pode se fazer sentir pela presença maciça, neste primeiro número rivettiano, do cinema moderno. Mas isso já acontecia em algumas edições rohmerianas.
- de 1958 ao primeiro semestre de 1963, Jacques Rivette escreve pouco na revista.
- após o “golpe”, Eric Rohmer escreve pouco, assim como Jean Douchet e Jean Domarchi. Os três eram defensores do classicismo no cinema, e estão no comitê de redação por uma certa diplomacia.
- durante os anos 1960, Akira Kurosawa (preterido durante a década anterior em favor de Kenji Mizoguchi) começa a ser melhor apreciado dentro da revista, com destaque para vários de seus filmes.
- Mizoguchi continua sendo motivo de especiais e recordações do roteirista Yoshikata Yoda (em cinco etapas divididas em edições de 1965 e 1966).
——————————————————————–
CAHIERS 146 – agosto de 1963: Trinta Anos Esta Noite (Louis Malle)
- quarta capa: Le Puits et le Pendule (Astruc).
- Godard defende seu Tempo de Guerra contra os ataques da imprensa.
- Rivette dá 1 estrela para O Leopardo (Visconti) e Douchet dá bola preta para Abismos da Paixão (Buñuel).
(Baecque: “Rivette define a nova linha dos Cahiers: abertura do cinema ao mundo intelectual de seu tempo e a rejeição da cinefilia pura”).
CAHIERS 147 – setembro de 1963: Muriel (Alain Resnais)
- entrevista com Hitchcock (a respeito de Os Pássaros), por Truffaut (19 páginas).
- entrevista com Roland Barthes, por Rivette e Delahaye (11 páginas – sinal da nova orientação da revista em direção ao mundo intelectual da época).
- entrevista com Leon Shamroy (diretor de fotografia), por Jean Douchet.
- “dois polos de uma modernidade”: esqueminha didático de meia página elaborado por Michel Delahaye a respeito da modernidade de O Desprezo (Godard) e Muriel.
- quadro: Delahaye, Douchet e Rivette concordam: 4 estrelas para A Vida Íntima de Quatro Mulheres George Cukor). A crítica, em destaque na seção, é de Barbet Schroeder.
- crítica de Delahaye sobre Aquele que Sabe Viver (Risi): “Risi foi, dizem, médico, como ainda é: ele pratica acupuntura”.
CAHIERS 148 – outubro de 1963: O Aventureiro do Pacífico (John Ford)
- quarta capa: Quem Ama, Perdoa (Claude Jutra).
- Destaque na seção de críticas: Fieschi elogia Os Pássaros (Hitchcock) em cinco páginas e meia. Jean Collet, Douchet, Rivette e Rohmer dão 4 estrelas no quadro (Fieschi não está no “conseil des dix” da edição, mas provavelmente daria 4).
- Nas notas, uma montanha de adjetivos não explicados sobre matérias da Positif 54-55, por André Labarthe. O que é quase tabu hoje na crítica dita séria, naquela época era frequente, um sinal de posicionamento crítico. Os tempos eram outros.
CAHIERS 149 – novembro de 1963: As Mãos Sobre a Cidade (Francesco Rosi)
- quarta capa: Llanto por un Bandido (Carlos Saura).
- entrevista com Georges Franju, por Fieschi e Labarthe (17 páginas).
- quadro: Rivette dá 1 estrela para Tudo que o Céu Permite (Douglas Sirk).
- mar de estrelas para Adieu Philippine (Jacques Rozier). Quase o que acontece com Muriel (Resnais): Rohmer dá 1 (marcando a oposição com Rivette, que dá 4).
- “Poème et plaisir” – crítica de Comolli sobre Adieu Philippine (Rozier) – (“le classicisme de la Nouvelle Vague”).
CAHIERS 150-151 – dezembro 1963/janeiro 1964 (ed. histórica): capa cinema americano (Jane Fonda em Um Domingo em Nova York)
(Baecque: “A América está ‘desprotegida’, quer dizer, exposta diante da crise de seu cinema”).
- trata-se de uma das melhores edições de toda a história da revista, curiosamente lançada poucos meses após a vitória dos que batalhavam pelo cinema moderno.
- quarta capa: A Queda do Império Romano (Anthony Mann).
- edição com mais de 250 páginas sobre o cinema americano.
- linha do tempo espetacular, estabelecida por Luc Moullet (6 páginas).
- debate sobre o cinema americano: Claude Chabrol, Doniol-Valcroze, Godard, Pierre Kast, Luc Moullet, Rivette e Truffaut (12 páginas).
- 30 respostas da América (questionário): Aldrich, Boetticher, Corman, Cukor, Daves, Dwan, Fuller, Garnett, Hawks, Hitchcock, Kazan, King, Kramer, Lewis, Losey, Lumet, Mankiewicz, Minnelli, Parrish, Peckinpah, Penn, Preminger, Ray, Sidney, Siegel, Sternberg, Tashlin, Vidor, Wise, Zinnemann (52 páginas) – assinatura de cada cineasta reproduzida no fim das respostas.
- dicionário de 90 produtores e entrevista com Stanley Kramer.
- dicionário de 121 cineastas (69 páginas) – os 60 da Cahiers 54 revistos e atualizados + 60 novos nomes, entre revelações e omissões + um intruso (“mas quem? – a cada leitor a decisão”) + uma lista enorme de diretores que não figuram no dicionário.
- textos de Jacques Goimard, Jean-Louis Comolli e Jean-Claude Batz.
- “musée secret” – filmes americanos inéditos na França (5 páginas).
- os críticos da revista votam nos melhores filmes falados americanos.
CAHIERS 152 – fevereiro de 1964: David e Lisa (Frank Perry)
- quarta capa: Paixões que Alucinam (Fuller).
- homenagem a Jean Cocteau (15 páginas): textos de François Weyergans, Michel Mardore, Doniol-Valcroze, Jean-André Fieschi, Godard, Rivette, Truffaut.
- dossiê sobre o som no filme.
- entrevista com Pierre Boulez, por Rivette e Weyergans.
- texto de retrospectiva George Cukor, por Pierre-Richard Bré.
CAHIERS 153 – março de 1964: Os Guarda-Chuvas do Amor (Jacques Demy)
- quarta capa: Luz de Inverno (Bergman): obra-prima em pane de distribuição francesa.
- entrevista com Joseph Losey, por Paul Mayersberg e Mark Shivas (10 páginas).
- texto de Comolli sobre Eva (Losey).
- texto de Claude Ollier sobre O Desprezo (Godard).
- entrevista com Shirley Clarke, por Axel Madsen (6 páginas + bio-filmographie).
- “Mankiewicz à la troisième personne” – texto de Jean Narboni sobre Joseph L. Mankiewicz.
- texto de Comolli sobre o fracasso de Cleópatra (Mankiewicz) (9 páginas).
- os cinco melhores de 1963: 1. O Desprezo (Godard); 2. Os Pássaros (Hitchcock); 3. O Anjo Exterminador (Buñuel); 4. Adieu Philippine (Rozier); 5. O Processo de Joana D’Arc (Bresson).
- quadro: Douchet e Rivette dão 3 estrelas para Adeus, Amor, de George Sidney (Robert Benayoun dá 4).
CAHIERS 154 – abril de 1964: O Silêncio (Bergman)
- quarta capa: Becket, O Favorito do Rei (Peter Greenville).
- dossiê Raoul Walsh: entrevista, por Jean-Louis Noames + reportagem de Noames sobre Um Clarim ao Longe + entrevista com William Clothier + “L’esprit d’aventure”, texto geral de Comolli sobre Walsh + filmografia comentada pelo próprio diretor.
- debate sobre Diário de uma Camareira (Buñuel), com Comolli, Delahaye, Labarthe, Narboni e Rivette.
- no quadro, Douchet dá bola preta para Diário de uma Camareira; Robert Benayoun, Albert Cervoni, Jean Collet e Rivette dão 4 estrelas.
- (Baecque: “primeiro ataque sério contra Preminger, devolvido ao ‘academicismo cinefílico’” – a crítica favorável a O Cardeal é de Pierre-Richard Bré, a desfavorável é de Jean-André Fieschi).
- Jean Douchet escreve maravilhas sobre A Cidade dos Desiludidos (Minnelli).
CAHIERS 155 – maio de 1964: Bande à Part (Godard)
- quarta capa: Errado pra Cachorro (Tashlin).
- entrevista com Jacques Demy, por Michel Caen e Alain Le Bris (14 páginas).
- atualização do dicionário do novo cinema francês, com pequenos textos de Comolli, Delahaye e Narboni.
- declarações de Jean Renoir recolhidas por Jean-Louis Noames (9 páginas).
- quadro: mar de estrelas para O Criado (Losey).
- seção de críticas: Os Guarda-Chuvas do Amor (Jacques Demy) é elogiado por Paul Vecchiali.
(Baecque: “primeira crítica positiva sobre um filme de Kubrick. Trata-se de Dr. Fantástico, e o texto é escrito por Jean Narboni”).
CAHIERS 156 – junho 1964 (ed. histórica): La Bataille de France (Jean Aurel)
- quarta capa: The Subterraneans (Ranald McDougall).
- entrevista com Fritz Lang, por Jean-Louis Noames (8 páginas).
- entrevista com Claude Lévi-Strauss, por Delehaye e Rivette (11 páginas).
- “Bergman anonyme” – texto de Comolli sobre Luz de Inverno e O Silêncio (10 páginas).
- “Les Premiers degrés” – texto de Delahaye sobre O Criado (Losey).
- primeira crítica de Serge Daney: sobre Errado pra Cachorro (Tashlin). O crítico já havia colaborado para o Petit Journal.
- primeiras críticas de Jean-Claude Biette para a revista: sobre Cyrano et D’Artagnan (Abel Gance) e Des Pissenlits par la Racine (Georges Lautner).
CAHIERS 157 – julho de 1964: O Homem que Luta Só (Budd Boetticher)
- quarta capa: Antes da Revolução (Bertolucci).
- Dossiê Budd Boetticher: entrevista transoceânica, por Bertrand Tavernier + textos de Burt Kennedy, Boetticher e filmografia por Chris Wicking (26 páginas).
- Dossiê cinema italiano: entrevista com Ermanno Olmi, por Leonhard H. Gmür = texto de Jean Narbonni sobre Antes da Revolução (Bertolucci) = texto de Comolli sobre I Fidanzati (Olmi) (9 páginas).
- entrevista de Hitchcock sobre Marnie, Confissões de uma Ladra, por Jacques Bontemps e Jean Douchet.
- quadro: mar de estrelas para Caravana de Bravos (John Ford, 1950) e Terra do Sonho Distante (Elia Kazan). Menor entusiasmo com Um Só Pecado (Truffaut).
- primeira crítica de André Téchiné: sobre Um Só Pecado (a outra crítica sobre o filme de Truffaut é de Fieschi).
(Baecque: “Daniel Filipacchi torna-se acionista majoritário das Éditions des L’étoile”).
CAHIERS 158 – agosto/setembro 1964: Contos da Lua Vaga (Kenji Mizoguchi)
- quarta capa: Uma Mulher Casada (Godard).
- Dossiê Mizoguchi (34 páginas): texto introdutório de Marcel Giuglaris + Ariane Mnouchkine entrevista Matsutaro Kawaguchi (roteirista), monsieur Takagi (assistente de direção), Hiroshi Mizutani (diretor de arte), Kinuyo Tanaka (atriz fetiche), monsieur Tsugi (assistente de direção e produção) e Yoshikata Yoda (roteirista) e Kazu Miyagawa (diretor de fotografia) + entrevistas livres em Gion e Tokyo, por Georges Sadoul.
- entrevista com Bo Widerberg, por Jean Béranger (6 páginas).
- quadro de cotações sui-generis, com Godard dando 3 estrelas para o seu filme Band à Part (que leva bola preta de Robert Benayoun e 4 estrelas de Comolli, Delahaye, Douchet, Fieschi, Rivette e Weyergans).
(Baecque: “mudança da redação para o grupo Filipacchi”).
CAHIERS 159 – outubro de 1964: Deserto Vermelho (Michelangelo Antonioni)
- quarta capa: Gertrud (Carl Th. Dreyer).
- última Cahiers du Cinéma de capa amarela.
- entrevista de 1946 com Louis Lumière, por Georges Sadoul (11 páginas).
- entrevista com Sam Peckinpah, por Axel Madsen.
- duas críticas sobre Band à Part (Godard), por Pierre Kast e Jacques Bontemps.
———————————————————————————
ALGUNS DESTAQUES DA FASE SEGUINTE (CAPA COLORIDA):
CAHIERS 161-162 – janeiro de 1965 – edição dupla / matéria sobre o “insucesso” comercial de dez filmes da Nouvelle Vague.
CAHIERS 166-167 – maio/junho de 1965 – edição dupla – matéria especial com o cinema japonês, com destaque para Kenji Mizoguchi, Teinosuke Kinugasa e Shohei Imamura, + textos sobre Susumu Hani, Nagisa Oshima, Kiriro Urayama e Hiroshi Teshigahara. Cahiers analisando timidamente a Nuberu Bagu.
CAHIERS 176 – março de 1966 – matéria especial sobre o Cinema Novo brasileiro. Textos de Marco Bellocchio, Gustavo Dahl e Louis Marcorelles. Encontro com Joaquim Pedro de Andrade, Carlos Diegues e Leon Hirszman. Primeira de três edições consecutivas promovendo debate sobre cinema moderno no mundo.
———————————————————————-
CAHIERS ANOS 1970: entram progressivamente numa fase radical, extremamente politizada.
CAHIERS 241 – setembro de 1972 – primeira edição sem foto na capa.
- A revista começa a se abrir novamente ao cinema mainstream entre 1975 e 1976, voltando a ter periodicidade regular.
—————————————————————————————
Agradeço imensamente a Bruno Andrade e Beatriz Saldanha.
© 2016 Revista Interlúdio - Todos os direitos reservados - contato@revistainterludio.com.br