Os 3
Os 3 (2011), de Nando Olival
Aguardando em fila, para utilizar o banheiro na festa do início da faculdade, Camila, Rafael e Cazé se conhecem e, de pronto (descolados que são), decidem dividir o sanitário e, também, um apartamento. Nestes primeiros minutos suas personalidades já estão bem estabelecidas: ela é arrojada e os rapazes, metades complementares – onde um é romântico, o outro é insensível.
Aqui o filme ameaça disfarçar sua evidente fragilidade com um erotismo que nunca se impõe, e poucas vezes presenciamos um triângulo amoroso tão inexpressivo. Sob um pacto de nunca se relacionarem (devidamente exposto pela voice over, das piores da memória recente), a narrativa avança até o ponto em que o trato é quebrado. Um dos rapazes (não o meloso, o outro) começa a namorar a moça.
Sem nos darmos conta, passam-se os quatro anos de graduação e, no momento da separação iminente (quando já ficou claro de que o erotismo daqui não seria maior do que aquele encontrado na novela das sete), o diretor Nando Olival decide engajar-se e mostrar que freqüentou as aulas de humanas de sua faculdade: como projeto de conclusão de curso, o trio cria um conceito de reality show no qual todos os objetos em cena podem ser facilmente comprados; basta o espectador/consumidor empurrá-lo para o seu carrinho virtual. Um publicitário vê a apresentação e decide bancá-la, tendo “os 3” como protagonistas.
Bem, a essa altura não há decepção alguma quanto a contundência da crítica de Olival à mídia, à mercadoria, à espetacularização ou a qualquer coisa que seja: ela é tão nula quanto o resto do filme que, começando com as palavras “amor”, “amizade”, “paixão”e “tesão”, parece propor um desafio ao espectador: “tente achar qualquer desses sentimentos no filme a seguir”. Tarefa mais vã não há.
Bruno Cursini
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