Ano VII

Elysium

quinta-feira out 31, 2013

Elysium (2013), de Neill Blomkamp

Depois de quase quatro anos de espera, finalmente chega aos cinemas o sucessor do aclamado Distrito 9 (2009), uma das raras grandes produções de ficção científica a chamar atenção e resistir ao próprio hype. Utilizar alienígenas estacionados na Terra, incapazes de ir embora, como metáfora para o apartheid e o problema da imigração, foi um bom achado e o diretor e roteirista Neill Blomkamp soube trabalhar o assunto. Em Elysium, porém, o resultado está abaixo do que foi alcançado no filme anterior, evidenciando alguns problemas que Blomkamp terá que sanar daqui pra frente.

Estamos em um cenário bastante parecido, mas sem a presença de alienígenas. Desta vez os excluídos são os próprios seres humanos, a classe pobre que não detém os mesmos direitos dos habitantes de Elysium, uma estação espacial paradisíaca, destinada apenas para os mais ricos, que lá desfrutam de uma vida abastada onde até as doenças inexistem. A figura condutora é o operário Max (Matt Damon), que no ano de 2154 mora em uma Los Angeles transformada numa grande favela. A sensação de déjà vu é tanta, que fica a impressão de que os extraterrestres do filme anterior vão surgir em algum momento. Isso não acontece, embora para azar de Max, um acidente também vai mudar sua vida (como aconteceu com o herói de Distrito 9).

Agora sem emprego e com pouco tempo de vida pela frente, o loiro e de olhos azuis Matt Damon lutará em nome dos excluídos. Ao contrário do futuro projetado por Paul Verhoeven no sensacional Tropas Estelares (1997), com a predominância de caucasianos numa sociedade fascista, Blomkamp mostra em Elysium que o dia do morro descer já chegou. Os diferenciados por aqui ficaram e quem conseguiu se bancar foi embora para o espaço. Ajudado pelo líder da resistência, Wagner Moura, e pela enfermeira de bom coração, Alice Braga, o herói do povo, Max, vestirá a sua armadura – no caso aqui, é um moderno exo-esqueleto que lhe conferem força e agilidade sobre-humanas – e vai tentar invadir o sagrado lar de que venceu por seus próprios méritos.

Vários não gostaram da idéia, em especial a canastrona interpretada por Jodie Foster, chefe da segurança de Elysium e que manda uma tropa de mercenários para cuidar do assunto. Chega a hora de Sharlto Cooper entrar em cena, no papel do odioso vilão, que será a melhor coisa do filme inteiro. Porque mesmo repleto de boas intenções, Neill Blomkamp só consegue fazer Elysium decolar em poucos (e bons) momentos. A crítica social vai só até certo ponto, para depois tudo ser resolvido na maneira mais simples possível, com direito a criancinhas doentes correndo em câmera lenta. As cenas de ação – em sua maioria, pouco empolgantes – não compensam a preguiça que se instala no roteiro a partir da segunda metade do filme. Na vontade de equilibrar tanto o lado sério quanto o da diversão, Blomkamp termina muito longe das portas do paraíso.

Leandro Cesar Caraça

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