Ano VII

Espadas Voadoras

sexta-feira out 25, 2013

Espadas Voadoras (Long Men Fei Jia, 201), de Tsui Hark

A boa notícia da vinda de um filme de Tsui Hark para a Mostra de SP ganhou, posteriormente, dois pontos negativos a comentar. Primeiro, que não se trata da mais nova produção assinada por Hark, Young Detective Dee: Rise of the Sea Dragon, mas sim do anterior, já disponível em DVD no Brasil, e que leva o título em inglês de Flying Swords of Flying Gate (2011). Em segundo lugar, o filme não deverá ser exibido na sua versão em 3D que acumulou diversos elogios quando exibida em Cannes no ano passado. Decepções a parte, ainda assim temos uma aventura de Tsui Hark como um dos destaques da mostra.

Integrante do novo ciclo de wuxia que Hark começou com o Detetive Dee e o Mistério da Chama Fantasma (2010), o que Espadas Voadoras prova é que, uma vez mais o cineasta de origem vietnamita consegue se reinventar dentro do competitivo mercado cinematográfico de Hong Kong. Assim como fora um dos jovens que despontaram na chamada new wave do começo da década de 1980 e o principal nome da indústria nos anos 90, Tsui Hark agora consegue o que ninguém – a não ser Stephen Chow – foi capaz na atualidade: unir grande espetáculo visual (e efeitos especiais) e qualidade artística na mesma película.

A má utilização do CGI e o tom cada vez mais oficial (e pomposo) que a censura chinesa impõe aos cineastas, está destruindo os novos filmes de fantasia, de artes marciais ou que tratam de alguma figura histórica. Obras como a aventura de guerra O Pequeno Grande Guerreiro (Ding Sheng, 2010) com Jackie Chan ou a péssima última versão do conto A Lenda da Serpente Branca estrelada por Jet Li em 2011 causam constrangimentos em quem se acostumou com a anarquia e fúria do cinema local até meados do começo do novo milênio. Para o bem geral, Tsui Hark entrou de novo numa boa fase.

No ano de 1992, Hark ao lado do diretor Raymond Lee e do coreógrafo de cenas de ação Ching Siu-tung, refilmaram o clássico Dragon Inn (1966) de King Hu, obra-prima de grande influência no cinema de artes marciais chinês. A versão produzida de Hark era irregular, com um roteiro cheio de buracos e que se ressentia do fato de três pessoas terem dirigido momentos diferentes. Ainda assim, não deixou de ser um dos mais interessantes wuxia do período. Quase vinte anos mais tarde, Hark retoma a mesma história, sem perder tempo em explicar se é uma continuação ou se trata de outro remake.

A câmera frenética de Hark não perde tempo algum e somos apresentados a inúmeros personagens, heróis e vilões, todos ganhando atenção o bastante para não se transformarem em bonecos sem vida, no meio de tantos efeitos de computação e das batalhas aéreas que acontecem durante o filme. Trocas de identidade, armas exóticas, guerreiros corajosos, estratégia, lealdade e amores velados são os elementos esperados em uma aventura de Tsui Hark. O que não poderemos conferir será a qualidade do 3D, que deverá aumentar ainda mais a sensação de vertigem, em especial, quando dois personagens resolvem batalhar dentro de um ciclone. Nas mãos do grande diretor, uma sandice desse tipo sempre acaba virando ouro.

Leandro Cesar Caraça

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