Ano VII

A Montanha Matterhorn

terça-feira out 22, 2013

A Montanha Matterhorn (Matterhorn, 2013) de Dieddrick Ebbinge

A Montanha Matterhorn segue uma linha clara no seu roteiro: a da mudança que se processará num personagem, ou um “herói”, se quiserem seguir a nomenclatura dos manuais, a partir do contato com uma nova experiência, a partir de um encontro com um estranho. Já vimos milhares de filmes que seguem a mesma fórmula, A Montanha Matterhorn é mais um. E é na linha esquisita que costuma ser um determinado cinema holandês que chega a nós, via Mostra, com seus tipos – por isso o herói entre aspas – esquisitos, tipos cujo mais famoso representante vem ainda do cinema de Jos Stelling e do seu memorável O Ilusionista.

Dieddrick Ebbinge constrói um filme minuciosamente estruturado no rigor das ações, e isso tanto no nível formal, quanto no nível interno da ação dos personagens. Fred é o típico puritano, come no mesmo horário, a mesma comida e jamais sem rezar. Domingo missa e toda uma rotina consagrada à mesmice até que encontra Theo, um maluco, depois o filme explicara as razões, com todos os parafusos soltos. Cuidar de Theo será um ato de humano, a prática religiosa depois de tanta oração e boa intenção.

Óbvio que tal contato gerará situações adversas que desestabilizam a rotina e a forma como a sociedade via a personagem até então. Neste ponto, o da desestabilização, afloraram as verdades dos personagens: os acidentes que o marcaram, tanto de Fred, como o de Theo, como o do vizinho, antagonista de Fred. E nem é preciso dizer mais, pois está na fórmula, teremos a redenção, a necessidade de olhar para o passado e corrigir rumos, a aceitação da vida a partir do olhar para a diversidade.

A Montanha Matterhorn segue o manual à risca, é bonitinho, é estranho; diverte, emociona, funciona, mas é igual a muitos outros filmes que já vimos e esquecemos.

Cesar Zamberlan

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