Ano VII

Rota de Fuga

quinta-feira out 17, 2013

Rota de Fuga (Escape Plan, 2013), de Mikael Håfström

Qualquer que fosse o resultado final, a simples combinação de Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger já colocaria Rota de Fuga em um patamar diferente dos demais filmes de ação contemporâneos. Com a soma de suas idades chegando aos 133 anos, a dupla de velhos astros ainda esbanja gás e simpatia, muito mais do que o roteiro raquítico e a direção fraca de Mikael Håfström. Graças ao esforço e a boa vontade dos protagonistas, o cineasta sueco consegue ficar alguns pontos acima da mediocridade que costuma produzir em Hollywood (1408, O Ritual).

A ideia básica do filme, uma prisão que não oferece nenhuma chance de fuga para os prisioneiros, será a deixa para a união de forças entre os dinossauros Stallone e Schwarzenegger. O primeiro interpreta um especialista em descobrir falhas em prisões de segurança máxima, que acaba sendo posto fora de circulação e enviado para um lugar secreto destinado a pessoas que precisam desaparecer, uma espécie de Guantánamo fora dos mapas. O ator austríaco fará o papel do prisioneiro que ajudará Stallone a encontrar uma saída de lá.

No geral, o filme de Håfström cumpre o mínimo do que se pode esperar, uma vez que os atores parecem a vontade, sessentões fazendo de conta que tem uns 25 anos a menos. Se Stallone posa de MacGyver das fugas (das formas mais inverossímeis possíveis), Schwarzenegger assume a barba grisalha, mas não perde o humor. Vê-lo simular loucura e rezar em alemão acaba sendo bem mais divertido que qualquer outra coisa do filme. Mesmo se comparado a quando seu personagem vai à desforra de metralhadora em punho.

Típico exemplar do esquema pague um ingresso e leve dois astros, Rota de Fuga está bem longe de figurar entre as piores produções que Stallone e Schwarzenegger estrelaram nas últimas duas décadas. Eles conseguem injetar um pouco de ânimo em um filme que acreditar ser mais inteligente do que é, e que desperdiça um elenco interessante (Jim Caviezel, Sam Neil, Vincent D’Onofrio) em papéis bobos. A aliança forçada com o prisioneiro muçulmano é um dos poucos pontos interessantes de um roteiro que deixa escapar diversas idéias que ameaçam surgir, mas que escoam sem tomar forma.

Leandro Cesar Caraça

© 2016 Revista Interlúdio - Todos os direitos reservados - contato@revistainterludio.com.br