Os Escolhidos
Os Escolhidos (Dark Skies, 2013), de Scott Stewart
Os escolhidos, dirigido por Scott Stewart (do fraco Legião de 2010), parece feito sob medida para plateias com preferências sádicas. Mas não exatamente para aquelas que se deleitam com o horror tradicional, e sim para as que gostam de ver personagens simpáticos submetidos a situações constrangedoras, mais ou menos na linha da série Entrando numa fria, estrelada por Ben Stiller e Robert De Niro. Só que, desta vez, sem o alívio cômico.
Em Os escolhidos, uma família de classe-média americana esforçada, às voltas com o desemprego do marido Daniel Barrett (Josh Hamilton) e com a crise imobiliária que afeta a esposa corretora de imóveis Lacy (Keri Russel), tem sua rotina virada de cabeça para baixo quando passa a ser alvo de alienígenas interessados em abduzir um de seus dois filhos, Jesse e Sam, para experiências científicas.
Mas, como o assédio dos aliens é constituído por invasões noturnas à casa, controle mental à distância e intervenções corporais só percebidas posteriormente, o que vemos de menos apavorante é a presença dos monstros extraterrestes por si mesmos. O que torna a presença deles mais incômoda, no caso, é o fato de que (puxa vida!), eles não deixam a família trabalhar, e ainda por cima fazem com que os vizinhos pensem que os filhos sofrem abusos.
Com isso, ao contrário do que nos é prometido pela divulgação, temos menos um filme de terror com aliens do que um drama familiar que só pode satisfazer quem gosta de passar vergonha alheia no cinema. E, de fato, grande parte da plateia gosta, o que pode garantir algum sucesso ao filme.
Isso também não significa dizer que Os escolhidos não tenha alguns bons momentos de terror, como quando a casa da família é alvo de um ataque de centenas de pássaros, ou quando a mãe flagra um alienígena no quarto do filho.
No entanto, avaliando-se o conjunto, sobram constrangimentos e faltam sustos que justifiquem a ida ao cinema para um filme de terror. Assim, Jason Blum e Jeanette Brill, os produtores da ótima (mas decadente) série Atividade paranormal e do razoável horror familiar Sobrenatural (James Wan, 2010) ainda ficam nos devendo um sucessor de melhor qualidade.
Laura Cánepa
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