Ano VII

HOMEM DE AÇO

segunda-feira jul 15, 2013

Homem de Aço (Man of Steel, 2013), de Zack Snyder

Responsável por revitalizar a imagem do Homem-Morcego com três filmes, Christopher Nolan ficou com a tarefa de fazer o mesmo com o Super-Homem. O fracasso financeiro da última aventura do herói, Superman Returns (Bryan Singer, 2006), não permitiria outra produção relacionada tão cedo, mas a Warner precisaria lançar outro filme do Homem de Aço se não quisesse perder os direitos legais (resultado de um longo processo judicial com os herdeiros dos criadores do personagem). Atuando como produtor e co-autor da história (ao lado do roteirista David Goyer), Nolan deixou a direção a cargo de Zack Snyder, que antes havia destruído duas adaptações de quadrinhos: 300 (, baseado em Frank Miller e Watchmen (, de Alan Moore, embora elas tenham sido bem recebidas pelo grande público. A junção do estilo hiperbólico de Nolan com a breguice visual estilizada de Snyder prometia uma catástrofe monumental.

A estratégia de recontar a origem do herói e atualizá-lo para os novos tempos evitou que se cometesse o mesmo erro de Bryan Singer, que foi tomar para si a missão de seguir com a versão imortalizada por Richard Donner e Christopher Reeve no longa-metragem de 1978. Divisor de águas em matéria de adaptações de super-heróis, o filme de Donner é uma aventura quase perfeita e que jamais foi superada – mais por causa das péssimas decisões tomadas pelos produtores. Singer conseguiu somente requentar sem brilho o que havia sido feito e se esforçar para que o funcionou no passado, funcionasse hoje. O resultado foi tão somente enfadonho. Sequer foi capaz de imprimir um estilo ou visão própria, como Richard Lester, cineasta muito, muito superior, fez depois de Donner.

A bem da verdade, parece que Nolan conseguiu segurar os ímpetos visuais de Snyder, enquanto esse deu ao filme um ritmo ágil e escapou da ostentação vazia do outro. Se o Super-Homem de Donner, feito nos anos 1970, remetia ao imaginário do personagem nos anos 1940, o super-herói da trinca Nolan, Snyder e Goyer condensa diversas reformulações que o personagem sofreu desde a década de 80 até os dias de hoje. Em termos de marketing permite que o novo espectador possa depois se identificar com o herói nos quadrinhos, ainda mais agora que desapareceu a famosa cueca por cima da calça que o herói sempre vestiu.

O que torna O Homem de Aço um filme recomendável, é a sua trama bem costurada, mesclando flashbacks, e fazendo com que se torne a melhor filme de origem de super-heróis desde Superman – O Filme de Richard Donner. O bom gosto da direção de arte (impressionante por se tratar de Zack Snider) e as cenas de destruição grandiosas estão acima da média. O principal componente enfim, é a força do elenco, com Henri Cavill sendo um sucessor mais do que digno de Christopher Reeve e Amy Adams compondo uma Lois Lane moderna e verossímel. Além de Russel Crowe, Kevin Costner e Diane Lane, quem mais rouba as cenas é Michael Shannon em uma versão mais dramática e bem escrita do vilão Zod, visto antes em Superman 2 (Richard Lester) e também o papel mais conhecida da carreira de Terence Stamp. Shannon leva vantagem, principalmente por que não precisa usar a mesma fantasia de discoteca futurista do grande Stamp.

Leandro Cesar Caraça

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