Ano VII

A Hospedeira

domingo abr 21, 2013

A Hospedeira (The Host, 2013), de Andrew Niccol

Terminada a saga dos vampiros, que durante o dia brilhavam como Joseph Smith Jr., o fundador da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a escritora Stephenie Meyer tem outro de seus livros adaptados para o cinema. A nova investida vem embrulhada em forma de ficção científica, mas não passa de outra medíocre história de amor destinada para adolescentes reprimidos, e recheada de doutrinas mórmons mais do que explícitas.

Sem perder tempo, logo no primeiro minuto de filme somos apresentados a um resumo básico da coisa todo. Planeta Terra invadido por uma raça alienígena que toma conta de nossos corpos. Pessoas ao redor de todo o mundo sob o controle mental dos aliens e agora ostentando belos olhos azuis. Os atuais senhores do planeta acham que estão ajudando a manter o local seguro. Os humanos rebeldes pensam o contrário.

Nossa heroína, Melanie (Saoirse Ronan) é cercado pelos aliens bem intencionados, mas prefere se jogar de uma janela a ser possuída por um deles. Ela não morre na queda, porque “quer viver”. Acaba tendo o corpo e a mente dominados por Peregrina, uma desses alienígenas que transmigrou sua matéria para nosso mundo – ou seja, doutrina religiosa disfarçada. Melanie e sua hospedeira travam conversas internas mentais das mais maçantes. A humana convence a alienígena a fugir para um reduto humano de refugiados. Em sem encalço vai a Buscadora (Diane Kruger), com seus capangas que se vestem de branco e dirigem carros prateados. Tudo muito brega, como convém a essas religiões que se metem com almas que reencarnam, coisa e tal.

Chegando ao esconderijo, Melanie e Peregrina começam um triângulo amoroso com o namorado da terráquea, porque Stephenie Meyer adora um triângulo amoroso e isso parece bastar para adolescentes sexualmente reprimidos, público principal da escritora. Depois disso seguem-se mais papo furado e mais indícios dos ensinamentos de Joseph Smith durante o filme. No final, quando descobrimos que os aliens podem ser arrancados dos corpos humanos através da “gentileza”, temos vontade de sofrer uma lavagem cerebral para esquecer do filme por completo.

A única coisa positiva de A Hospedeira é acabar com qualquer traço de prestígio que Andrew Niccol possa ainda. Ele começou até que de forma razoável com Gattaca – Experiência Genética (1997) e escreveu O Show de Truman (Peter Weir, 1998). O que se seguir depois disso foi desanimador, seja escrever o fraco O Terminal (Steven Spielberg, 2004) ou dirigir obras horríveis como Simone (2002) ou O Preço do Amanhã (2011), ficções tão descartáveis quanto a novela de Stephenie Meyer.

Leandro Cesar Caraça

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