Oz: Mágico e Poderoso
Oz: Mágico e Poderoso (Oz: The Great and Powerful, 2013), de Sam Raimi
Seguindo pelo mesmo caminho do grande sucesso Alice no País das Maravilhas (Tim Burton, 2010), que arrecadou mais de um bilhão de dólares nas bilheterias mundiais, a Disney recria outro conto infantil para as novas gerações. Por causa dos direitos pertencentes à MGM, não foi possível realizar uma nova versão de O Mágico de Oz (Victor Fleming, 1939). Por isso, a solução encontrada foi utilizar a tática da prequel, contando como o mencionado mágico do filme original foi parar naquele mundo fantástico. Uma vez que essa desculpa para desenterrar velhos assuntos tem hoje uma boa aceitação junto ao público, a Disney voltou à carga, com os mesmos recursos e o visual do filme de Tim Burton.
Afinal de contas, o mundo em que Alice vai parar na versão de Burton era tão descaracterizado que podia muito bem ser Oz ou Nárnia. Com Sam Raimi na direção, a dúvida era se a criatividade do cineasta se manifestaria ou ficaria enclausurada como em grande parte da trilogia Homem-Aranha. Sem se rebelar ou mesmo inovar, em Oz – Mágico e Poderoso Raimi bateu cartão como um bom funcionário. Deu o que os produtores esperavam de verdade. Mais do que uma prequel, o filme é uma continuação do projeto iniciado por Burton. O que se viu antes em Alice, agora vemos novamente em Oz.
A estrutura do roteiro, com o drama do protagonista, também se mantém intacto. Assim como a jovem Alice, o mágico Oscar Diggs (James Franco) não consegue se adaptar neste nosso mundo sem graça. Vai parar em outro, estranho, colorido, mas que guarda seus perigos. No meio disso, descobre que é o escolhido para derrubar o poder vigente e restaurar a paz. Se algum montador resolvesse enxertar determinadas cenas do filme de Burton nesse daqui, duvido que o público iria perceber. Quando Sam Raimi trilha pelo horror, ainda que em raros momentos, é que Oz: Mágico e Poderoso alcança seus melhores momentos. A transformação de Mila Kunis, de uma bruxa benigna para a horripilante Bruxa Má do Oeste, é capaz até de assustar os mais pequenos.
Por outro lado, acredito que esse público acostumado com o cinema pipoca de Hollywood não vai se encantar tanto com os artifícios usados por Oscar (agora chamado de Oz) para derrotar os vilões. Se o filme de Raimi se mostra superior ao Alice de Burton, é por causa do seu terço final. O plano de Oz/Oscar é enfrentar as bruxas malignas fazendo uso dos mesmos recursos dos primeiros cineastas da história. No filme, o futuro mágico de Oz é um grande admirador de Thomas Edison, um dos maiores gangsters da história dos EUA, que roubou e chantageou pessoas para construir seu império. A imagem que ficou foi a de um admirável empreendedor. Vamos dar o devido reconhecimento a quem merece. A vitória de Oscar Diggs não se deve somente a Edison, mas também a gente como os irmãos Lumière, Georges Méliès e outros verdadeiros artistas construtores da sétima arte.
Leandro Cesar Caraça
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