Meu Namorado é um Zumbi
Meu Namorado é um Zumbi (Warm Bodies, 2013), de Jonathan Levine
A comédia romântica com zumbis, ainda que um sub-gênero dos mais improváveis, já possuí um termo próprio. Quando do lançamento de Todo Mundo Quase Morto (Edgar Wright, 2004), a imprensa não demorou a denominá-la como a primeira rom-zom-com (romance zombie comedy) do mundo. O novo filme de Jonathan Levine segue na mesma linha, mas inova ao dar ao monstro a função de protagonista e narrador. R (Nicholas Hoult) é um jovem de vinte e poucos anos, ou melhor, foi um jovem antes de ser zumbificado. Sem memória de sua vida anterior, e vagando junto de outros zumbis, ele acaba por se apaixonar pela linda Julie (Teresa Palmer), a filha de Grigio (John Malkovich), o líder da resistência humana.
Aos poucos, não apenas R, mas vários dos zumbis começarão a recuperar características de quando estavam vivos, como a memória e os sentimentos. Os incapazes disso transformam-se nos esqueléticos, criaturas ainda mais vorazes do que os zumbis. Agora R e Julie devem tentar convencer os humanos de que os mortos-vivos podem ser controlados, ao mesmo tempo em que os esqueléticos preparam um ataque em massa visando a última cidade livre da praga. O filme não esconde a inspiração para os protagonistas – R(omeu) e Julie(ta) – e a narrativa segue sem solavancos até o filme leve e feliz, mesmo para uma aventura com criaturas que arrancam nacos de carne das pessoas. O diretor Jonathan Levine (50 %, 2011) não é estranho ao horror, tendo estreado com o bom slasher movie Tudo Por Ela (2006), que revelou a atriz Amber Heard, principal scream queen da atualidade.
Dando ênfase mais para a comédia e romance do que o horror, Levine procura se afastar do que Brian Yuzna fez no criativo A Volta dos Mortos-Vivos 3 (1993). Sua pegada, por vezes se aproxima da visão de um Tim Burton, ainda que exista um desfiladeiro os separando. Fora a questão da diferença entre o talento de um e de outro, Burton não compartilharia da mesma solução que Levine utiliza ao final de Meu Namorado é um Zumbi. Para o diretor de A Noiva Cadáver, aquele que é estranho e diferente, não precisaria mudar para ser aceito.
Leandro Cesar Caraça
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