Ano VII

O Sacrifício

segunda-feira jan 21, 2013

 

O Sacrifício (Zhao Shi Gu Er, 2012), de Chen Kaige

Chen Kaige é um diretor da quinta geração do cinema chinês (a mesma de Zhang Yimou) que fez alguns filmes interessantes antes de estourar com o insosso e pesado Adeus Minha Concubina. O Sacrifício é um filme grandioso que nos piores momentos lembra uma versão esperta daquele filme, e nos melhores garante-se como um bom cinema de artesão.

Nada de novo no front para quem acompanha o cinema chinês atual. De fato, quando fui à sessão de imprensa deste filme, no final de dezembro, sabia exatamente o que iria encontrar: um filme grandioso, com o peso da produção estampado em cada fotograma; tema histórico com massacres, conflitos e muita tirania; alguns clichês e alguns bons momentos para equilibrar. Não deu outra.

A maneira de se inserir lembranças ou imaginações por meio de inserções de imagens que duram segundos tornou-se corriqueira desde Corra Lola Corra, ou ainda antes. É o que mais irrita em Sacrifício. Do outro lado, a cena em que o tirano recua e decide ajudar o jovem guerreiro encurralado no meio da floresta, mesmo sabendo que esse jovem poderia ser seu futuro carrasco, é muito bonita, apesar de óbvia e previsível dentro da narrativa.

De imagens bonitas o inferno está cheio. Mas O Sacrifício tem alguns momentos em que o dilema do pai se impõe, receoso da crescente adoração do filho adotivo pelo tirano algoz de seu próprio filho. Quando essa trama se impõe, o filme cresce, e apesar de algumas gorduras se sustenta dignamente. Pena que é tão déjà vu.

Sérgio Alpendre

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