Ano VII

O Impossível

segunda-feira jan 21, 2013

O Impossível (Lo Imposible, 2012), de Juan Antonio Bayona

Um dos gêneros mais populares na década de 1970, o cinema-catástrofe foi revitalizado a partir do enorme sucesso de Independence Day, dirigido por Roland Emmerich em 1996. Com a modernização dos efeitos especiais, capazes de convencer as novas platéias das catástrofes e da desolação que assistirão, novos exemplares desse cinema continuam a surgir. As profecias apocalípticas costumam servir de inspiração, seja a nova era glacial em O Dia Depois de Amanhã (2004) ou o fim do mundo em 2012 (2009), duas obras também assinadas pelo alemão Emmerich, que parece acreditar que somente os estadunidenses estão preparados para encarar o fim dessa era.

Desgraças reais também costumam comover o público, e talvez nenhuma outra catástrofe natural tenha chocado tanto o tsunami que devastou o sul da Ásia em 2004, matando mais de 250 mil pessoas. Clint Eastwood utilizou desse episódio para iniciar o seu Além da Vida (2010), o que acabou se tornando a melhor sequência de um filme apenas morno. Coube ao espanhol Juan Antonio Bayona realizar um longa inteiro dedicado à tragédia, inspirado no caso verídico ocorrido com a família Belon que estavam de férias na Tailândia na ocasião. De origem espanhola tal qual como Bayona, eles ganharam novas feições em O Impossível.

Com a família agora caracterizada como pessoas loiras e de belos olhos azuis (Ewan McGregor e Naomi Watts formam o casal de pais), os veremos então enfrentando diversas desventuras, da separação com a chegada do tsunami, passando pela busca pelos entes queridos até o triunfal reencontro de todos. Toda a sequência do tsunami é devastadora, do ponto de vista técnico e emocional, com Naomi Watts e um dos seus três filhos tentando sobreviver em meio à força das águas e de toneladas de objetos vindos em sua direção. Passado o vagalhão, o filme vai enfraquecendo bem lentamente, já que Bayona não consegue que situações dramáticas mais banais, sejam tão espetaculares ou bem encenadas quanto o tsunami. Ao focar quase que totalmente no drama de uma única família, Bayona abusa de clichês e da carga emocional, chegando às raias da pieguice. Mostra que não aprendeu muito depois de O Orfanato, um horror dramático de sustos muito bem construídos, mas mediano em sua condução narrativa. 

Leandro Caraça

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