007 – Operação Skyfall
007 – Operação Skyfall (Skyfall, 2012), de Sam Mendes
Poucas foram as vezes em que James Bond esteve tão vulnerável quanto nesta sua vigésima-terceira aventura oficial. Para marcar os cinquenta anos da série 007, continuaram na mesma pegada dos dois episódios anteriores estrelados por Daniel Craig, mostrando o período de transformação de um agente secreto ainda em estado bruto para aquele eternizado por Sean Connery na década de 1960. O processo está completo ao final de 007 – Operação Skyfall, o melhor dos filmes do Bond loiro e um dos melhores de toda a série. O que impressiona, visto que o anterior – Quantum of Solace – não apenas era irregular ao extremo, como não resolvia ou expandia o que foi mostrado em Cassino Royale, a estreia de Craig no papel. Pior do que isso, o enredo chegava até a lembrar os piores exemplares com Roger Moore, mas sem as piadinhas e sem Roger Moore. A inabilidade de Marc Forster de comandar cenas de ação sem tremedeiras ou pirotecnias excessivas atrapalhava mais um pouco, e contradizia a nova linha que os próprios produtores queriam seguir.
007 – Operação Skyfall começa com uma das grandes sequências de toda a franquia, uma perseguição pelas ruas e telhados de Istambul que vai culminar na suposta morte de James Bond. Nada de novo, portanto, vide Com 007 Só Se Vive Duas Vezes. Mas diferentemente dos outros da série, temos um Bond fraquejado em uma considerável parte do filme, o que apenas servirá para que o personagem se torne ainda mais triunfante no decorrer da projeção. Visto por seus superiores como uma peça obsoleta da espionagem moderna, Bond terá a confiança apenas de M (Judi Dench, em sua sétima aparição na série). Confiado para descobrir quem está promovendo sérios ataques contra a Inteligência Britânica, o agente 007 vai se deparar com um fantasma do passado de M. Entra Javier Bardem, que personifica um dos vilões mais interessantes da galeria de antagonistas de Bond. Ex-agente do MI-6, Silva (Bardem) tem motivos de sobra para querer vingança e acima de tudo, a morte de M. Mesmo usando de um tom afetado e cabelos descoloridos, o ator espanhol consegue escapar da caricatura, que vitimou nomes de peso como Robert Carlyle e Jonathan Pryce em outros filmes. A sequência em que Silva passa uma cantada em Bond nasceu clássica.
Nunca em toda a sua existência, o agente secreto precisou antes ser amparado por tantos personagens secundários na sua missão. Em Operação Skyfall somos apresentados a Gareth Mallory (Ralph Fiennes), novo Presidente do Comitê de Inteligência e Segurança. Uma antiga figura que retorna é Q, o responsável pelos armamentos de Bond, e que agora ganha uma versão jovem e modernizada (Ben Whishaw). Quem também entra para o elenco fixo é Eve (Naomi Harris), uma agente do MI-6 que, mais tarde, se revelará outra peça marcante no imaginário da série. No terço final do filme, o veterano Albert Finney surge no papel de Kincade, alguém ligado ao passado de James Bond. No final das contas, nem chega a ser surpreendente que o filme seja dirigido por Sam Mendes, um arremedo de cineasta que sempre abusou da fotografia empetecada e plasticamente estéril, o que resultou em obras vazias e pretenciosas como Beleza Americana e Estrada Para a Perdição. Na função específica de diretor de aluguel, Mendes não compromete, pelo contrário, faz com que as suas firulas visuais trabalhem em conjunto com o montador Stuart Baird e o diretor de fotografia Roger Deakins, estes, sim, profissionais de primeira linha.
Leandro Cesar Caraça
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