Lou Reed & Metallica
Lou Reed & Metallica – Lulu (2011)
Sim, é um disco esquisito. E ousado para os dois lados, já que o fã de Metallica vai odiar a voz de Lou Reed, e o fã de Lou Reed vai odiar o peso do Metallica.
Mas vamos ouvir com mais atenção. Esquisito até que ponto? Certamente não é tão esquisito, dentro da carreira de Reed, quanto White Light White Heat, o segundo disco do Velvet Underground. Se for para considerar Metal Machine Music, o solo barulhento que o compositor lançou em 1975, fica até sem graça a comparação. Além disso, a esquisitice de Lulu não aparece por toda a parte. Aparece, principalmente, na introdução de algumas músicas, “Dragon”, por exemplo, que depois ficam mais tradicionais.
É um disco claramente de Lou Reed. É ele que dá as cartas, canta todas as músicas e imprime seu estilo. Ao Metallica sobra o fundo musical, como o que o Pearl Jam fez em Broken Arrow, de Neil Young, e os backing vocals malucos de James Hetfield. Alguns desses fundos são bem thrash metal, como os de “Pumping Blood” ou “Mistress Dread”. Ainda assim, podemos dizer que Reed é o protagonista do encontro.
Lembram de “Strawman”, faixa mais pesada de New York, disco genial de Reed lançado em 1989? Pois é. Lulu é um álbum que segue mais ou menos as pegadas dessa faixa, com alguns toques de Songs for Drella. Convenhamos, teria como ser ruim? Penso que não. E os motivos para aprovação desta experiência não tão experimental quanto muitos estão achando, multiplicam-se pelo disco: nos riffs cortantes de “Frustration”, na locomotiva desembestada de “Pumping Blood”, no andamento carregado da maioria das faixas, na duração delas – o que esconde momentos acachapantes -, na voz de Lou Reed, grave e pesarosa como sempre, ou no acompanhamento pesado, quase em câmera lenta, da banda californiana.
Sérgio Alpendre
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