Ano VII

Pink Floyd – relançamentos

segunda-feira nov 28, 2011
 The Piper at the Gates of Dawn (1967)

A Saucerful of Secrets (1968)

More (1969)

 

Ummagumma (1969)

Atom Heart Mother (1970)

Meddle (1971)

 

Obscured By Clouds (1972)

The Dark Side of the Moon (1973)

Wish You Were Here (1975)

 

Animals (1977)

The Wall (1979)

 

The Final Cut (1983)

A Momentary Lapse of Reason (1987)

The Division Bell (1993)

 

 

 

A moçada indie, já tem um bom tempo, despreza o Pink Floyd campeão de vendas para enaltecer o Floyd com Syd Barrett do primeiro disco, o psicodélico The Piper at the Gates of Dawn. A meu ver, estão errados. O primeiro Floyd é ótimo, mas a banda iria ganhar corpo com a simbiose musical alcançada pelo baixo de Roger Waters e pela guitarra melodiosa de David Gilmour. Em A Saucerful of Secrets, disco transitório e belo, já há sinais dessa simbiose, que seria aprimorada definitivamente no essencial Meddle, disco que contém a obra-prima “Echoes”. Antes dele, experimentos – instrumentais e psicodélicos em Ummagumma, climáticos e bucólicos em More e Obscured By Clouds, orquestrais em Atom Heart Mother. Depois dele, o estouro com The Dark Side of the Moon, o famoso disco que era chamado por muitos de “prisma”.

Pode-se ver claramente onde as texturas e melodias de Meddle desembocariam nessa obra que marcou o ápice do chamado rock progressivo, ainda que PF não seja um dos mais paradigmáticos grupos do gênero. Ainda assim, The Dark Side of the Moon, com seu formato mais redondo, cheio de canções de apelo comercial emendadas como se fossem parte de uma longa suite, fez com que o som do momento fosse o prog, e que bandas como Emerson, Lake & Palmer e Yes começassem a tocar em estádios.

A tentativa de repetir o sucesso do prisma veio com um disco saudosista – de Syd Barrett, sobretudo, mas também do tom mais aventureiro de Atom Heart Mother. Wish You Were Here não tem as orquestrações deste último, mas promove um retorno ao arrojo da virada para os anos 1970. Contém faixas longas, com a exceção da balada título, a mais fraca do álbum. Um disco que abre com “Shine on Your Crazy Diamond”, contudo, não tem como ser considerado menos que ótimo.

1977 foi o ano de Animals, o famoso disco promovido com um gigantesco balão em forma de porco. No auge da disco music e do punk, os quatro siderados lançam um disco com apenas três faixas, que misturam folk, blues e prog sinfônico como se houvesse a possibilidade disso tudo resultar num estouro de vendas. A banda atingiu grandiosidade tamanha que podia continuar em seu mundinho prog-baladeiro, como se o mundo da música ainda respirasse os mesmos ares de 1972.

Com o bate-estaca da disco music ainda embalando os jovens e o pós-punk oferecendo belas alternativas, a banda resolve lançar outro disco anacrônico protegido por sua grandeza. The Wall é um álbum duplo que coleta algumas das mais belas melodias entre todos os álbuns da banda, incluindo “Hey You”, o hit-single “Another Brick in the Wall Part 2″, a grandiloquente “The Trial” e a indefectível “Confortably Numb”. Seria o canto do cisne do Pink Floyd do ponto de vista da crítica, já que nenhum de seus discos seguintes chegou sequer próximo de uma maioria elogiosa. Injustiça com o belíssimo Final Cut, que aliás é mesmo um dos discos mais injustiçados lançados por banda grande. Não interessa se a banda está esfacelada e sem Gilmour. Nem se foi feito para iluminar o umbigo memorialista de Roger Waters. É um grande disco, e ponto final. Um dia será descoberto.

A coleção ainda oferece os dois discos que a banda fez sem Roger Waters, A Momentary Lapse of Reason e The Division Bell. Ambos tem seus momentos, especialmente o segundo, no qual brilha mais uma vez a guitarra de Gilmour. Mas são tentativas limitadas de manter a sonoridade antiga com nova roupagem. O público aprovou, e daí para o novo estouro com o duplo ao vivo Pulse, ausente neste primeiro pacote, foi um pequeno passo.

Sérgio Alpendre

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