VdGG
Van der Graaf Generator – A Grounding in Numbers (2011)
Present, o disco que marcou o retorno do VdGG, bateu já na primeira vez. É um petardo marcado pelo sax nervoso de David Jackson e a voz delirante de Peter Hammill. Trisector, o segundo dessa nova fase, já não era de tão fácil digestão.
A Grounding in Numbers parece ter essa mesma característica de seu antecessor, apesar de se revelar um pouco mais redondo, no sentido de que não se arrisca a afastar os fãs antigos da banda, ao mesmo tempo que deve continuar agradando aos que gostaram do redirecionamento de Trisector.
O clima que domina a primeira metade é soturno, com canções predominantemente lentas, solenes, com a voz pesarosa de Hammill soando como um trovão raivoso. Na segunda metade, aos poucos, começa a tomar forma uma espécie de homenagem a Gentle Giant, com canções quebradas e balançadas, remetendo à batida clássica de John Weathers.
São três as faixas que melhor fazem a conexão com essa outra banda injustiçada do progressivo britânico, todas na segunda metade, uma seguida da outra: “Mr. Sands” chega a ter citações evidentes de antigos petardos giantianos, “Smoke” mais parece um outtake de Interview ou Missing Piece (discos do GG que marcam uma pequena guinada em direção a uma tentativa de fazer algo mais “comercial”), e em “5533″ a doideira rola solta, remetendo também a King Crimson e também a coisas de rock in oposition.
O disco se encerra com uma das faixas mais poderosas de toda a carreira do VdGG, “All Over the Place”, que claramente poderia constar de Still Life (1976), o melhor disco da segunda fase da banda (quatro discos de 1975 a 1977, sem contar o ao vivo Vital). Com um final retumbante desse jeito, é inevitável querermos repetir a audição de todo o disco. E nessa repetição, nosso coração é definitivamente conquistado.
Sérgio Alpendre
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