MISSÃO IMPOSSÍVEL – PROTOCOLO FANTASMA
Missão Impossível – Protocolo Fantasma (Mission: Impossible – Ghost Protocol, 2011), de Brad Bird
O conjunto de obras produzidas pela Pixar não deixa dúvidas quanto ao padrão de qualidade da empresa. Mas destacar a grande maioria de suas animações como o que de melhor o gênero produziu até hoje, é um equívoco tão grande quanto desmerecer o estilo. Mesmo obras incensadas ao infinito como Wall-E (Andrew Stanton, 2008) e Up! Altas Aventuras (Pete Docter e Bob Peterson, 2009) não mantém o nível prometido até o final da projeção. Apenas para continuar na questão da qualidade, imagino o que Up! renderia nas mãos de Hayao Miyazaki.
Assim como os estúdios concorrentes, boa parte dos desenhos da Pixar apesar da boa premissa, carecem de unidade, perdidos entre uma sucessão de gags inteligentes, lição de moral para as crianças pequenas e a necessidade mercadológica. A aclamada trilogia Toy Story se destaca entre eles, porém as melhores animação levam o nome de Brad Bird na direção. Os Incríveis (2004) e Ratatouille (2007) sugerem um talento que vai muito além de um simples organizador de ideias e fórmulas repetidas, que é aquilo que os chefes de animação se tornaram. Bird parece ter no DNA os mesmos genes dos antigos mestres da Disney, além dos malucos que fizeram a história dos estúdios da Warner e MGM. Sua vontade de migrar para o cinema de atores de carne e osso sempre foi sabida e a chance veio com o novo episódio da franquia Missão Impossível.
Caindo nas graças de Tom Cruise, Bird recuperou a série, enfraquecida depois da apenas razoável incursão de J.J Abrams e da medíocre participação de John Woo. Podia parecer fácil para alguém que, em Os Incríveis, flertou com os clichês dos filmes de espionagem dos anos 60, mas o fato é que Bird conseguiu repetir a façanha de Frank Tashlin e outros animadores de renome. Nem sempre a passagem da animação para o live-action acontece com harmonia, vide Andrew Stanton (Procurando Nemo, Wall-E) e o sem graça John Carter. Bird resgate o clima de espionagem visto na série original e na versão dirigida por Brian de Palma em 1996, e filma cenas orquestradas como se fossem desenho animado: a fuga de Tom Cruise da prisão, a escalado ao maior edifício do mundo ou a perseguição durante a tempestade de areia. Faz isso sem deixar que o exagero fique em primeiro plano e, como bom animador, não esquece que o principal aqui, é divertir.
Leandro Cesar Caraça
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