UM GOLPE MUITO LOUCO

Um Golpe Muito Louco (The Brink's Job, 1978), de William Friedkin

Um ano após o retumbante fracasso de Comboio do Medo (remake de O Salário do Medo, de Clouzot), produção cara que deixaria marcas em sua carreira para sempre, William Friedkin realizou esta agradável adaptação de livro de Noel Behn, com roteiro de Walon Green e financiada por Dino de Laurentis. Baseado em fatos reais acontecidos na década de 1950, conta a trajetória do azarado ladrão Tony Pino (Peter Falk), que acaba realizando um dos grandes assaltos do século passado e termina perseguido pelo FBI do implacável J. Edgar Hoover.

Famoso por planos que costumam dar errado, Tony é uma espécie de herói na vizinhança, sempre esperando por uma grande chance que nunca acontece. Ela finalmente surge, quando o arrombador acaba descobrindo que a segurança da empresa de carros blindados Brink se baseia mais na fama do que qualquer outra coisa. Junto com o genro pouco brilhante Vinnie (Allan Goorwitz) e os amigos companheiros de ofício, Tony vai tirar a sorte grande. Pena que ela vai durar o tempo sufuciente para que o chefão do FBI credite o assalto a uma possível organização criminosa de ligações com comunistas subversivos.

Sem romantizar nenhum dos personagens, o roteiro conduz a narrativa sem grandes surpresas, deixando tudo nas mãos de um elenco afiado, com destaque ainda para Paul Sorvino, Peter Boyle e Warren Oates, aqui como um especialista em demolições que se mostra o membro mais desequilibrado da equipe. Desperdiçada está Gena Rowlands, como a esposa de Tony. O tom leve e cômico não eram estranhos na filmografia de Friedkin, que em 1968 lançou Quando o Strip-Tease Começou. Mais conhecido por abordar o lado perverso das pessoas, aqui o diretor optou por retratar personagens que a despeito de suas ações ilícitas, nunca perdem seu lado humano. O mais importante em Um Golpe Muito Louco não é o grande assalto em si, mas como estes homens chegaram a ele, e o que farão depois de terem realizado o grande feito

Leandro Cesar Caraça

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(NOTA DO EDITOR: A distribuidora Flashstar fez um péssimo trabalho ao lançar o filme em Fullscreen e com a imagem comprimida).