Uriah Heep

Uriah Heep – Into the Wild (2011)

Se Wake the Sleeper (2008) havia desbancado o posto de Sonic Origami (1998) como o melhor álbum de estúdio do Heep pós Abominog (1982), seu sucessor, Into the Wild (2011), o segundo neste século, faz a proeza de ser ainda melhor.

Não se percam com os títulos e as datas. Após Ken Hensley ter saído de vez da banda em 1980, quem comandou sozinho foi Mick Box, este extraordinário e pouco reconhecido guitarrista. Após um tempo com Peter Goalby como vocalista principal, a formação se acertou com Bernie Shaw e Phil Lanzon nos vocais e teclados, respectivamente. Fizeram alguns discos irregulares até o sólido e melodioso Sonic Origami. Depois, não erraram mais, lançando dois discos vigorosos, dos quais Into the Wild é o segundo.

A primeira, “Nail on the Head” já é uma porrada na moleira (ou uma unhada, para casar com o título). Um rock pesado e balançado como algumas coisas saídas da New Wave of British Heavy Metal (e atualizadas com a super produção de hoje). A paulada corre solta até a quinta faixa, “I’m Ready”, melodiosa, com mudanças no tempo e pegada de épico, a faixa poderia tranquilamente estar em um dos clássicos LPs do Heep setentista. Outra imponente é “Lost”, uma aula de prog-metal que o pessoal do Dream Theater devia agradecer para o resto da vida, caso pudesse entender.

A faixa título é outra que merece destaque. Mais: provavelmente é a melhor do disco. E tem espaço também para as faixas mais pop, como “T-Bird Angel”, lembrando que eles fizeram, no passado, maravilhas nessa seara (penso em “Blind Man” e “Free Me”, mas tem outras). E o disco ainda tem 58 minutos e nenhuma faixa pra encher linguiça, todas valem a audição.

Into the Wild é uma raridade em nossos tempos, especialmente entre bandas de longa carreira, que geralmente já não tem o mesmo gás e se deslumbram com a possibilidade de maior duração dos álbuns desta era digital.

Sérgio Alpendre