ASSASSINO A PREÇO FIXO

Assassino a Preço Fixo (The Mechanic, 1972), de Michael Winner

Personagem importante dentro do novo cinema inglês na década de 1960, Michael Winner migrou para os Estados Unidos no começo dos anos 70, abraçando por completo o cinema de gênero. Deixando de lado a abordagem mais sensível de obras como Depois que tudo Terminou (1967), Winner não teve pudores em se assumir como um cineasta puramente comercial. Instalado em solo americano, começou esta nova fase com o faroeste Mato em Nome da Lei (1971), com Burt Lancaster, que seria o primeiro passo para produções mais sensacionalistas como Desejo de Matar (1974).

Se na Inglaterra Winner tinha Oliver Reed como seu parceiro mais recorrente, no outro país foi Charles Bronson quem melhor se adequou às novas pretensões do cineasta inglês. Das seis parcerias entre eles, duas foram lançadas em 1972, o faroeste Renegado Impiedoso e o thriller Assassino a Preço Fixo, que há pouco ganhou remake estrelado por Jason Statham. Reduzida a uma aventura banal de ação, a nova versão perde em todos sentidos, inclusive em querer deixar o personagem de Statham, um matador profissional, mais palatável ao público.

A superioridade do original já aparece no ínicio, com os primeiros quinze minutos sem diálogos, apenas mostrando como Arthur Bishop (Bronson) planeja a morte do próximo alvo. Assassino extremamente meticuloso, homem de bom gosto e cansado de sua existência vazia, acolhe um pupilo, Steve (Jan-Michael Vincent), filho de um velho amigo, o qual Bishop também despachou. A decisão causará a ruína do protagonista, que agora se verá no papel de alvo a ser eliminado. O carisma de Bronson contrasta com a fraca presença de Vincent, ator hoje mais lembrado por estrelar o seriado Aguia de Fogo com Ernest Borgnine, mas Winner (também montador do filme) nunca deixa o interesse cair, o que resulta em um thriller essencial daqueles tempos.

Leandro Cesar Caraça