Ano VII

Jovens Adultos

quinta-feira abr 12, 2012


Jovens Adultos (Young Adults, 2011), de Jason Reitman

Em Jovens Adultos, é notável a diferença com que o diretor Jason Reitman e a roteirista Diablo Cody conduziram seu enredo. Tal qual o outro trabalho da dupla (Juno), ou nos voos solos do cineasta (Obrigado por Fumar e Amor Sem Escalas), somos apresentados a uma história que busca lidar com personagens que, superficial e inicialmente, fogem dos típicos protagonistas indefesos ou absolutamente comuns, confrontando-se numa situação adversa para revelarem-se heróis, saírem de suas caixas ou, no mínimo, tornarem-se seres humanos melhores.

Conforme Obrigado Por Fumar e Amor Sem Escalas, temos uma personagem (afinal, seus filmes são, necessariamente, “de personagens”) profissionalmente bem-sucedida e charmosa; no caso, interpretada pela belíssima Charlize Theron. Ela é Mavis Gary, uma ghost writer de uma série de romances voltada ao público juvenil. Como a garota de Juno, é supostamente uma misantropa casca dura, repleta de falhas de personalidade (todas, obviamente, perdoáveis), que buscará abandonar o tédio de escrever o último volume de sua saga (que havia feito a glória de outra autora, a “oficial”), voltando à sua cidade natal, no interior do Minnesota.

Nas primeiras sequências, explora-se sua inapetência: o vazio de uma vida compartilhada tão e somente com seu pequeno cachorro, com o qual, aliás, Mavis não parece particularmente apegada. A vontade de sair de sua clausura afetiva e cotidiana é despertada pelo recebimento de um email, convidando-a para a festa de batizado do filho de seu namorado de tempos passados, provavelmente seu único verdadeiro amor. Sua intenção – como poderíamos esperar de Reitman e Cody – é condenável: ela pretende reatar com sua antiga paixão, tentando-a a abandonar sua nova e bela família.

O que posiciona Jovens Adultos à parte dos filmes acima mencionados, portanto, não é sua premissa, mas suas condução e conclusão – estas são, também, possivelmente, as razões de seu fiasco nas bilheterias: com o abrandamento do cinismo adolescente e das narrações espertinhas, a narrativa ganha um tom mais equilibrado e contido, conseguindo manter-se assim até mesmo quando a coisa mais periga desencaminhar: após atingir o limite de seu constrangimento público (quando, bêbada e desalinhada, Mavis acaba com a festa do filho de seu ex), sua sina parece concluída e sua lição de vida, finalmente, aprendida.

No entanto, há uma conversa com a irmã de seu único amigo, onde ela encontrará forças para continuar, não sem antes deixar claro que ambas (ela, bonita e inteligente; a interlocutora, uma ignorante garota do interior) não pertencem a mesma casta, tornando, assim, impossível qualquer tipo de aliança entre elas.

Esta talvez seja a melhor cena na carreira de Reitman e Cody e é, certamente, sua conclusão mais digna, na qual finalmente suas personagens não acabaram redimidas ou amarguradas mas, sim,  tão erráticas e sedutoras quanto surgiram. Na verdade, ainda ligeiramente mais fortalecida e segura com suas próprias inclinações.

Bruno Cursini

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