PAUL
Paul – O Alien Fugitivo (Paul, 2011), de Greg Mottola
E chega, diretamente às locadoras, Paul, o quarto longa-metragem de Greg Mottola, escrito e estrelado por Simon Pegg e Nick Frost. Está aí um time do qual poderíamos, realmente, esperar por algo: se o diretor americano já tinha, com Superbad e Férias Frustradas de Verão, criado duas das melhores comédias americanas dos últimos anos, a dupla de atores ingleses fora a responsável por divertidas sátiras, como Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso.
A isso, soma-se uma irresistível sinopse: Graeme e Clive são dois geeks britânicos que cruzam o Atlântico rumo à meca de seus semelhantes: a Comic Con, em San Diego, Califórnia. Após o final da peregrinação, alugam um motorhome e partem a um roteiro bastante peculiar, por entre os desertos dos Estados Unidos, batendo cartão nos pontos ufológicos do país. Em um grosseiro acidente na estrada, conhecem Paul, um extraterrestre mantido em cativeiro há décadas pelo FBI.
Estranho que seja aqui onde a fragilidade do filme se dá, justamente na criatura digital que supostamente deveria diferenciar esta das tantas outras comédias de amigos lançadas recentemente: com a voz (e o jeito, os modos, os tiques) de Seth Rogen, Paul serve como uma única (e engraçada, mas cansativa) piada: após todos estes anos vivendo sob os cuidados e as neuroses de nós, humanos, o alien tornou-se um híbrido entre o cliché do que julgamos ser alguém de outro planeta, e o mais pedestre dos cidadãos: um maconheiro entediado e sem perspectiva.
No caminho – afinal, este é um road movie, infelizmente por demais similar a Michael – o Anjo Sedutor, no instante em que se limita a apenas explorar a curiosa deslocação de uma imagem que nos é bastante familiar (lá, a de um anjo, aqui, a de um E.T.) -, Krinten Wiig, como uma caipira, caolha e criacionista, que ostenta uma camisa ilustrando a vitória de Deus em seu embate com Charles Darwin; e um trio de agentes saídos de Matrix, liderados por Jason Bateman.
Surpreendentemente, são nas cenas com estes atores (e a dupla central) que os melhores momentos do filme acontecem – quase todos, aliás, como tem sido hábito, já devidamente antecipados no trailer. Com Paul, o humanóide errante, fica-se apenas as mesmas sacadas, repedidas à exaustão.
Bruno Cursini
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