Ano VII

Missão Madrinha de Casamento

sexta-feira fev 10, 2012

Missão Madrinha de Casamento (Bridesmaids, 2011), de Paul Feig

Missão Madrinha de Casamento parte, claramente, de uma idéia bem definida: colocar como protagonistas, em uma comédia de amigos, um grupo de mulheres. Não que isso seja algo novo, já que podemos facilmente lembrar do sucesso de Sex and the City ou, até mesmo, de As Garotas do Calendário. A comparação, no entanto, não parece correta, uma vez que, além de superior a esses dois, o filme preza a origem dos envolvidos, em particular o Saturday Night Live e as produções de Judd Apatow (também envolvido com o projeto).

Do primeiro, temos a comediante Kristen Wiig – além de outros atores coadjuvantes. Da trupe de Apatow, Paul Feig, veterano diretor de séries para TV, com um episódio do influente Freaks & Geeks no currículo. Juntos, fazem, com Missão Madrinha de Casamento, uma deliberada comédia física cujo mérito reside justamente naquela que também é a sua falha: na busca por expor as mulheres ao ridículo, o resultado é ligeiramente forçado, como que, mais por provar suas teses do que por uma necessidade dramática, seus autores sentiram-se obrigados a testar os limites de seu elenco.

Daí à escatologia desnecessária de vômitos para todo lado, é um passo. Perceba que nesta mesma sequência, no momento após as mulheres acabarem com o toalete de uma sofisticada loja de roupas de festa, a noiva vai à rua, na busca ingrata por qualquer privada vaga. Neste momento, Feig se sai muito melhor, de longe olhando “a ação”, no meio dos carros.

Não que esses exageros atrapalhem em demasia o filme, que no todo se sai muito bem; é que Wiig e Annie Mumolo (as atrizes responsáveis pelo roteiro) haviam criado personagens suficientemente interessantes e engraçadas para prescindir destas facilidades. Wiig, aliás, faz o tipo de humor corporal que dificilmente encontramos (em comediantes de ambos os sexos, é bom ressaltar), e sua interpretação – de uma mulher cuja falência econômica resultou no pé na bunda do namorado –, é de uma autenticidade incomum.

Mais do que querer evidenciar o óbvio que é o fato das mulheres poderem ser tão vulgares, irresponsáveis e lascivas quanto os homens (isso, qualquer bobagem como Professora Sem Classe faz), é na trajetória de Wiig que Missão Madrinha de Casamento deveria se focar. Fazer-se passar por ousado é fácil; mais difícil é criar personagens tão estimulantes quanto esses que estão aqui; porém, apenas parcialmente explorados.

Bruno Cursini

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