Ano VII

Capitão América

segunda-feira nov 28, 2011

Capitão América – O Primeiro Vingador (Captain America: The First Avenger, 2011), de Joe Johnston

Criado em 1941 por Joe Simon e Jack Kirby, o Capitão América sempre foi alvo de patrulheiros ideológicos que jamais aceitaram a sua existência. Mesmo que o patriotismo do personagem tenha sido usado ao longo das décadas apenas para vender gibis nos EUA e não para converter mentes para o american way of life, a simples presença desse herói no imaginário popular continua um incômodo para muitos. Isso não conseguiu impedir que Capitão América – O Primeiro Vingador acumulasse mais dólares nas bilheterias estrangeiras do que dentro do território americano.
O justo resultado veio para coroar um ótimo exemplar de cinema pipoca (coisa rara atualmente) e também uma das melhores adaptações de quadrinhos já realizadas. Que muito se deve a direção de Joe Johnston, alguém que conhece uma coisa ou outra de cinema de espetáculo e que nunca obteve todo o respeito que merece. Ex-técnico de efeitos especiais da Industrial Light & Magic, e dono de uma filmografia pequena, porém com obras que se tornaram cultuados (Querida, Encolhi as Crianças; Rocketeer; Jumanji), Johnston sempre teve mais em comum com artesãos de entretenimento do passado como Nathan Juran (Simbad e a Princesa) e Byron Haskins (Guerra dos Mundos, produzido por George Pal em 1953) do que os cineastas anódinos que hoje assinam os barulhentos e vazios blockbusters modernos. A sua própria competência fora questionada depois do irregular resultado da recente versão de O Lobisomem estrelada por Benicio Del Toro, sem que os detratores se dessem conta de que ele assumira o conturbado projeto somente duas semanas antes de iniciadas as filmagens. Precisando mostrar serviço, Joe Johnston encarou a árdua tarefa de levar para as telas um dos mais emblemáticos heróis dos quadrinhos.
Através de uma reconstrução de época primorosa dos anos 1940 (assim como havia feito no subestimado Rocketeer de 1990) e de um roteiro que traduz com perfeição a essência do personagem, Johnston conseguiu renovar a figura do Capitão América para uma nova geração, acostumada com produções sobre super-heróis sombrios e pretensamente realistas (como o Batman imaginado por Christopher Nolan) ou que fazem uso de algum engajamento na temática para justificar e compensar produções com histórias ruins e roteiros cheios de furos, onde bons exemplos seriam os filmes dos X-Men. No elenco de Capitão América – O Primeiro Vingador, podemos encontrar bons atores que mesmo quando atuam em filmes ruins conseguem deixar suas marcas. Neste caso aqui, personagens que poderia passar despercebidos nas mãos de profissionais menos capazes, ganham vida e esbanjam carisma, seja o coronel americano – feito por um Tommy Lee Jones em grande forma – ou o cientista interpretado por Stanley Tucci, que transforma o então raquítico Steve Rogers em um supersoldado pronto para enfrentar as forças do mal lideradas pelo Caveira Vermelha (Hugo Weaving, perfeito). Mesmo Chris Evans na pele do protagonista, prova mais uma vez ser um bom ator quando o roteiro lhe é favorável. O filme de Johnston ainda serve como elo de ligação para todas as produções anteriores do Marvel Studios (no caso, as ótimas adaptações do Homem de Ferro assinadas por Jon Favreau, o bem irregular O Incrível Hulk de Louis Leterrier e o sofrível Thor de Kenneth Branagh) e funciona como um bom aperitivo para Os Vingadores, que reunirá todos os heróis citados em uma mesma aventura, a ser lançada em abril de 2012.

Leandro Cesar Caraça

© 2016 Revista Interlúdio - Todos os direitos reservados - contato@revistainterludio.com.br