Como Você Sabe
Como Você Sabe (How Do You Know, 2010), de James L. Brooks
James L. Brooks não faz disso publicidade, mas o fato é que, em quase 30 anos (desde sua estréia com Laços de Ternura, de 1983), o cineasta americano dirigiu apenas outros cinco filmes: Nos Bastidores da Notícia, Disposto a Tudo, Melhor é Impossível, Espanglês e este, Como Você Sabe. Poucos de seus conterrâneos, portanto, ostentam uma filmografia tão bissesta quanto a sua.
No entanto, mais do que por seus seis longas-metragens, o nome de James L. Brooks soa familiar por ter sido o responsável pela contratação do cartunista Matt Groening e por, consequentemente, estar na abertura de Os Simpsons já por mais de duas décadas – isso se não mencionarmos sua carreira de produtor e produtor executivo para filmes de cineastas de primeira viagem, como Cameron Crowe (Digam o Que Quiserem) e Wes Anderson (Pura Adrenalina).
Seria, então, a hora e o local de consagrarmos esse veterano homem do entretenimento como mestre supremo da comédia romântica e do roteiro de personagens, ou se preferir, character driven, mais ou menos como fez a Film Comment de Janeiro/Fevereiro, quando do lançamento deste filme nos cinemas americanos? Honestamente: não. Nenhum de seus filmes tem tamanho para sustentar tal afirmação e, juntos, não são capazes de formar um corpo que mereça tamanha reverência.
Ao invés disso (agora que o DVD de seu último trabalho chega às locadoras), talvez seja o momento para repararmos a timidez com que Como Você Sabe chegou e saiu de cartaz e, finalmente, assistirmos ao filme como o que ele é: provavelmente a melhor comédia romântica americana lançada comercialmente em nossos cinemas em 2011.
Ir à história é quase desnecessário: após ter ficado de fora das convocações para a seleção de softball, Lisa (Reese Witherspoon) se vê dividida entre a estrela de baseball (e mulherengo) Matty (Owen Wilson), e o certinho George (Paul Rudd). Com seu pai (Jack Nicholson), este compartilha alguns dos melhores momentos do filme, incluindo aquele em que, melancolicamente, o jovem se encontra contemplando os prós e os contras de assumir as responsabilidades pelas falcatruas perpetradas por seu genitor.
Se não foi desta vez que James L. Brooks pintou sua obra-prima (algo que até então não temos indício de que um dia acontecerá), Como Você Sabe fica como uma história muito bem contada, das melhores de sua discreta e regular carreira.
Bruno Cursini
© 2016 Revista Interlúdio - Todos os direitos reservados - contato@revistainterludio.com.br