THE FIRM – Mean Business (1986)
A reputação deste segundo disco da banda The Firm não é nada boa. “Pior disco com Jimmy Page”, é o que muitos falam, afirmando ser uma decepção pela quantidade de feras envolvidas: além de Page, que dispensa comentários, o master vocalista do Free e Bad Company, Paul Rodgers, o baterista da Manfred Mann’s Earth Band, Chris Slade, e o novato Tony Franklin. Um super grupo de quem se espera um super disco, algo que não tinha acontecido na estreia deles, em 1985 (e nesse caso dou certa razão aos detratores).
O pecado? Ter belas melodias e uma sonoridade AOR (Adult Oriented Rock). Ou seja, mais próxima de Bad Company e Foreigner do que de Led Zeppelin e Free. E aí o preconceito age por si só. Muitos fãs do Free não se empolgam com a pegada AOR do Bad Company, e muitos zeppelinianos xiitas implicam com um disco variado e excelente como In Through the Outdoor, por exemplo. O que achariam deste arroubo mais pop em meados dos anos 1980, época que, para eles, só existiram coisas ruins?
As duas primeiras faixas não ajudam. “Fortune Hunter” e “Cadillac” parecem estar aqui apenas para preencher o tempo do LP. Não são ruins, mas alimentam a pulga escondida atrás da orelha: “por que Page e Rodgers entrariam num estúdio para gravar algo sem sal desse jeito?”. Na terceira, a coisa muda: “Al the Kings Horses” é um soft-rock melodioso e contagiante, com uma guitarra inspirada de Page e a voz de Rodgers atazanando espíritos perdidos.
A partir dessa faixa tudo se ajeita, as melodias se impõem ao lado dos riffs de Page e o disco decola um portentoso voo de 15 mil pés. “Live in Peace” mantém a pegada AOR com classe, enquanto “Tear Down the Walls” abre o lado B querendo fazer o circo pegar fogo. “Dreaming”, a faixa seguinte, tem uns floreios de guitarra típicos do que Page fazia no Zeppelin. E as duas últimas, “Free to Live” e “Spirit of Love” encerram Mean Business da melhor maneira possível: com melodias espetaculares, ao mesmo tempo propícias para uma boa FM (existe?) e indicadoras de que a voz de Rodgers sabe valorizar uma boa linha melódica.
Sérgio Alpendre
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