Ano VII


Tudo pelo Poder… este é o nome do filme de George Clooney (2011) que retrata perfeitamente o cenário em que nossa sociedade vive nos dias de hoje.

No filme podemos ver Stephen Myers (Ryan Gosling), um jovem idealista que realmente acredita na democracia, na mudança e no amor à pátria. É assessor de imprensa de Mike Morris (George Clooney), governador democrata, candidato à corrida presidencial nos Estados Unidos.

É fiel ao governador e a seu amigo Paul (Philip Seymour Hoffman), que, por sua experiência na vida política, é o responsável pela campanha. Stephen é apaixonado pelo que faz, desempenha suas atividades com entusiasmo e acredita que Morris quer mudar o cenário político em que os EUA vivem, que é um homem diferenciado.

O assessor Tom Duffy (Paul Giamatti), que cuida da candidatura da concorrência, arma uma cilada para que Stephen perca a confiança de Paul e seja expulso do partido de uma forma sórdida e avassaladora. Ao se ver desempregado e desamparado, começa a descobrir uma serie de jogos sujos e traições políticas em nome do poder, vindos de todas as partes.

Aos poucos, a imagem que ele possuía do universo político e de seus participantes começa a desmoronar, e junto com ela, seus valores e conceitos, transformando por completo sua maneira de enxergar a política, seus ideais, crenças e objetivos, tornando-o apenas mais um integrante desse jogo sujo.

Infelizmente, nosso quadro político de hoje em dia é tão destorcido quanto o do filme. Massas de manobras, sujas e sem ética, distorção de valores e ideais, para camuflar ações, candidatar corruptos, ludibriar a população, extorquir e alcançar poder.

 

Abismada com essa reflexão que o filme me dispôs a fazer, me deparo com a maior e mais grotesca prova de que os ideais políticos de hoje são meras conveniências.

Nunca fui fã do PT, mas uma coisa sempre reconheci: o partido era estruturado e tinha ideais, gritava e lutava por uma base sólida, e não se fragmentou como o DEM, onde cada integrante pensa e age por um ideal distinto. Aos poucos o DEM se fragmentou tanto que perdeu sua força e viço político, deixando o PT sem um concorrente realmente à sua altura. Mas, como tudo no universo político muda, o PT também conseguiu mudar e surpreender a todos, mostrando que seus ideais também têm um  preço: o poder.

 

Foi divulgado há pouco que o nosso excelentíssimo Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da Republica, idealista que sempre lutou a favor do proletariado, da plebe, que participou de um zilhão de greves, iria apoiar a candidatura de nosso ilustre elitista e autoritário prefeito Gilberto Kassab, a fim de conseguir votos dos mais conservadores.

E onde fica o ideal e a integridade política? Como se apoia e alia à extrema oposição ideológica? Será que um conservador de direita governa com os mesmos critérios e pontos de vista de um ativista de esquerda?

Na semana passada, pudemos presenciar mais um “ringue” em nossa câmara, onde opositores partiram para a agressão física. Sim, aqueles mesmos que deveriam mostrar à sociedade formas diplomáticas de se lidar com as pessoas, meios de acabar com a violência e leis para puni-la. Onde estão os valores e ideologias gritados aos quatro cantos do País? Quais as medidas que os partidos e os outros detentores das cadeiras tomaram? Onde essas pessoas nos representam? Quais os reais valores que existem para cada um deles e qual o preço para a distorção deles?

 

A luta cada vez mais acirrada pela política deixa de ser por visões, formas de vida e modelos econômicos; passa a ser única e exclusivamente por poder. Fazem de tudo para alcançar o cargo, precisam ocupar as cadeiras e gozar de uma vida morna. Afinal, quem se importa com a política, valores e ideais nos dias de hoje?

Cada vez mais, são utilizadas ferramentas para alienar a população e manter tudo “em panos quentes”. Está tudo escancarado aos nossos olhos, e nós, por comodismo e ignorância, alimentamos essa corja sem ideais numa corrupta luta por poder.

 

* * *

 

Já que estamos falando de política e perto de novas eleições, gostaria de deixar um ponto muito importante explícito aqui. Não apenas por um grito de indignação, mas por uma consciência e responsabilidade social.

Vivemos em um universo em que a falsa promessa de educação e cultura é eletiva. Uma população burra é facilmente manipulada. Enquanto não soubermos da verdade, não tivermos conhecimento e consciência absoluta de nossos direitos e deveres, continuaremos sendo ludibriados, e essas promessas nunca se realizarão, pois a ignorância é conveniente para os “poderosos”, e a esperança de que ela não mais exista nos faz votar.

 

Não sei o que faz uma pessoa eleger o Tiririca. Não admiro nem um pouco seu sucesso, mas respeito sua historia de vida. Penso que cada um neste mundo tem seu papel, e o palhaço deve estar no picadeiro, e não na câmara.

As pessoas dizem que é voto de protesto, mas até onde esse protesto levou nosso país? Tenho certeza de que a maior parte da população não sabe, mas, para um deputado ser eleito, é necessário contabilizar todos os votos válidos, divididos pelo número de cadeiras para preencher na câmara, o que nos dará um quociente eleitoral de 304.533 votos. O que exceder a isso, o candidato pode “distribuir” entre outros candidatos de seu partido. Tiririca teve mais de 1 milhão e 300 votos, colocando mais 3 aliados de seu partido no poder.

 

Se analisarmos bem a situação e colocarmos em um cenário realmente político, que outro motivo um partido como o PR teria para candidatar um palhaço que, como divulgou ao mundo inteiro, nem sabe o que um deputado faz? Massa de manobra, inversão de valores e ideologia! Elegem um palhaço que não tem o mínimo de conceito político ou ideais convenientes com o partido; em troca ele consegue eleger mais 3 candidatos que não seriam eleitos pelo voto do povo. Burlando a democracia, ocultando as verdadeiras intenções e ainda deixando a população achar que está fazendo um super protesto.

 

O mais engraçado é que, como o “ficha limpa” ainda não está em vigor, o candidato eleito que distribui os votos pode ajudar a colocar no poder criminosos sem ao menos perguntar à população se é realmente isso que ela quer – sem ninguém para interferir a não ser seu partido.

Temos por obrigação civil saber pelo menos o histórico de em quem iremos votar, quais são seus ideais e aliados, pois será baseado nisso que o nosso pais será governado.

 

Já sabe em quem votar para as próximas eleições? Já conhece e concorda com o que pregam?

 

Sinceramente, não vejo a menor possibilidade de mudança de cenário com os candidatos desta eleição. Todos eles já assumiram o poder, já conhecemos a sua forma de agir, já conhecemos os seus supostos ideais. Particularmente falando, não estou satisfeita com nenhum deles. Para mim chega de taxas, imposições e falsa democracia maquiando uma ditadura sórdida.

Então em quem votar diante deste cenário? Como não ser conivente com tudo isso, protestar e não aceitar o que já está lá?

 

Caros leitores, não precisamos nem votar no Tiririca e nem eleger os mesmos de sempre (que entram junto dos “laranjas”, por assim dizer). Temos o poder do voto nulo.

Se 50,01% da população votar nulo, vai mostrar que estamos insatisfeitos com o que nos é apresentado e que nenhum dos candidatos tem competência suficiente para nos representar – não são o que desejamos. Isso ocorrendo, é feita uma nova eleição, e nenhum dos candidatos que participaram da anterior poderão se candidatar ou se eleger de alguma maneira.

Com isso, seria necessário um outro quadro político, sem colocar a mesma corja de sempre no controle de nosso país, dizendo que nos representam sem cuidar de nossos reais interesses.

Lembrem-se, votem conscientes. Analisem, pesquisem e coloquem no poder quem realmente pode fazer isso por nós. Caso não encontre o candidato correto, não vote em qualquer um só porque tem que votar. Ou, para protestar, vote nulo e demonstre sua insatisfação.

Assim protestamos sem nos prejudicarmos.

 

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OBS: Não confunda voto nulo com voto em branco

O voto em branco soma o seu voto ao candidato com maior pontuação, é um voto apático de alguém que não sabe o que quer e que é indiferente com a própria vida e nação. É o voto daquele que nunca poderá reclamar de nada, pois não contribuiu, não agregou, foi apenas indiferente. Para votar nulo, é preciso inventar um número, uma sequencia que não pertença a nenhum partido ou candidato, e então apertar “Confirma”. Pronto, você não está votando em ninguém, pois não existe alguém capacitado na eleição.

 

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Bruna Pestana Bezerra faz administração, mas escreve e sonha em abraçar o mundo. Voa alto sem tirar os pés do chão, porque tem medo de altura.

Fale com ela: bruninha_pb@hotmail.com

 

 

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Mais Gritos e Sussurros:

- Minha alma

- Seu corpo é o que você come; sua mente, o que você assiste

- Fluir

- Brasil Pandeiro?

 

POEMA: Bruna Pestana Bezerra

 

 

Minha alma é texto, e meu corpo… papel.

Com esboços sujos e traços tortos, o grafite invade o tão sublime papel,

Anexando a ele textos, cores, alma.

Um simples objeto, no ver dos leigos tão insignificante, é o encontro de corpo e alma, texto e papel, vida e poesia, que traz norteios, dúvidas, sentimentos, incertezas, focos, eu, à vida.

Xiuuu, fale baixo, os Deuses podem ouvir…

Os Deuses sempre querem o que há de melhor e, se ouvirem, podem pegar os textos sem aviso prévio.

Eles sempre levam tudo, retiram os grafites das mãos, impedem os textos de encarnarem no papel. Por isso, corre!

Corre, risca, risca, risca, apaga, grita, chama, risca, corre, clama, ama, risca…

Que os textos que já estão no papel, dele não podem ser tirados, são perpétuos.

Os Deuses podem impedir novos textos, mas não podem apagar da memória os que já foram lidos, não podem retirar do papel os que já foram escritos.

Então escreva, viva, sempre intensamente, sem parar, pois sua essência, seu texto, sua alma, sempre estará lá.

 

 

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Bruna Pestana Bezerra faz administração, mas escreve e sonha em abraçar o mundo. Voa alto sem tirar os pés do chão, porque tem medo de altura.

Fale com ela (mas fale baixo): bruninha_pb@hotmail.com

 

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Mais Gritos e Sussurros:

- Seu corpo é o que você come; sua mente, o que você assiste

- Fluir

- Brasil Pandeiro?

 

 

 

TEXTO: Bruna Pestana Bezerra

 

Assim como temos que cuidar de nossos corpos, com uma alimentação sadia e bons hábitos, para não ficarmos doentes e insatisfeitos, temos que cuidar de nossas mentes.

Foi cientificamente comprovado que tudo aquilo que vemos durante o dia, mesmo que nosso consciente não perceba (as tão famosas mensagens subliminares), é processado por nosso cérebro; e ele, sem a ajuda do consciente, não tem capacidade de filtrar as informações. Daí o cuidado que precisamos ter com aquilo que assistimos e deixamos nossos filhos assistirem, uma vez que, processadas as informações indevidas, as tratamos como naturais.

Tenho percebido, com essa polêmica toda de Big Brother, fofoca de artistas, novelas de televisão, jornais sensacionalistas e filmes de péssima qualidade na TV aberta, que o brasileiro tem deixado um pouco sua mente de lado. E, assim como nosso corpo, ficamos doentes quando não cuidamos do que está dentro da cabeça.

O que não falta é inversão de valores e desvio de foco. Ninguém comenta mais sobre política, as leis do senado, e já pouco importa a cotação do dólar. Já não se fala mais em mitologia, cultura ou filmes que tragam realmente algum conteúdo; todo mundo quer saber “o que está acontecendo na casa”.

Vejo pessoas com medo de sair na rua, acreditando que todo mundo é mau, que somos todos lobos prontos para devorar uns aos outros, por acreditarem nas notícias que são apresentadas e enfatizadas na televisão. É o tão famoso “põe na tela”, que só mostra desgraça e deixa de lado a cultura, ações sociais e tantas outras coisas lindas que o nosso mundo tem todos os dias; afinal, esse tipo de assunto não dá tanta audiência…

Há banalização escrachada do sexo. No meu tempo – que não é há tanto tempo assim –, os filmes privês tinham cenas quentes menos explícitas que as das novelas da Globo ou da Record. E o pior de tudo é que somos nós que alimentamos essa máquina, damos audiência, corroemos nossas mentes e colocamos crianças e adultos na frente desta “tela de destruição cinzenta”.

Está na hora, então, de tratar melhor das nossas mentes. Quando aprendermos a filtrar o conteúdo que chega pelos diferentes meios de comunicação, a mostrar quais são os nossos reais valores, pode ser que tenhamos um mundo mais sadio, feito de mentes mais sadias. Em vez de perder tanto tempo querendo saber da vida dos outros, que tal pensar num jeito de ajudar os outros?

 

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Bruna Pestana Bezerra faz administração, mas escreve e sonha em abraçar o mundo. Voa alto sem tirar os pés do chão, porque tem medo de altura.

Fale com ela (mas fale baixo): bruninha_pb@hotmail.com

 

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Mais Gritos e Sussurros:

- Fluir

- Brasil Pandeiro?

 

 

 

 

 

Poema: Bruna Pestana Bezerra

 

E eis que ao eclodir o grito

Se ouve de longe um breve sussurro

Sussurro este que expressa a alma e

Transborda sem regras, rédeas ou imposições

Aquilo que existe de mais íntimo,

O ser, o escrever, o ser lido.

 

Representada por letras e frases

A alma come as vírgulas e pontos

Alterando os sentidos e deixando tudo ambíguo

Já que ela é colapso e expansão

De espírito livre e indomável.

 

Às vezes finge se curvar às regras

E apreciar aquilo que lhe é imposto

E admira a vida sem limitações

Até que se esbarra em injustiças e desigualdades

Então se ouve o grito, a não conformidade

E a vontade de mudar o mundo,

Sem deixar de apreciá-lo.

 

E assim se descreve esta seção

E também aquela que a escreve

Que vive intensamente, corre e clama

Sem perceber se alguém reclama

Não se acomoda, exige mudanças e brinca de roda.

 

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Bruna Pestana Bezerra faz administração, mas escreve e sonha em abraçar o mundo. Voa alto sem tirar os pés do chão, porque tem medo de altura.

Fale com ela (mas fale baixo): bruninha_pb@hotmail.com

 

 

 

 

 

 

Mais Gritos e SussurrosBrasil Pandeiro?

 

 

 

 

 


Turistas (2006). Os "brasileiros"

 

Texto: Bruna Pestana Bezerra

 

Meu nome é Bruna Pestana Bezerra e vou compartilhar esse meu “quartinho cultural”.

Falando nisso, o que é cultura? Não são apenas livros, filmes, peças e quadros, mas também valores. Portanto, trataremos aqui de tudo aquilo que é atual, comportamental e cultural, ou não…

Algo que vem me intrigando há algum tempo é uma visão distorcida que o exterior possui da nossa cultura – sendo que a verdadeira é linda, diga-se – e que estimulamos que seja tomada como verdade.

Há pouco foi lançado o tão aguardado Velozes e Furiosos 5 – Operação Rio, gravado no Brasil com um elenco estupendo – nossa, que honra!… Talvez fosse mesmo, se a visão que o filme tem – e que a cada dia mais se compra – não fosse a de que o País, especialmente o Rio de Janeiro, é um mosaico de favelas, crime, violência, mulheres bonitas e ignorância.

Este é o tipo de imagem que me irrita profundamente, não por patriotismo ou falso sentimento nacionalista, mas porque sou brasileira e não dá para me enquadrar neste contexto.

Olhando de perto, até a animação Rio (2011) manifesta uma combinação de crimes brasileiros com comércio ilegal de animais, miséria nas favelas e todos sambando – até as araras –, como se só existisse isso por aqui.

"O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada..."

Já tem até turismo para ver favela em vez de uma tour por nossa cultura e criação. Mas é para aqueles que ainda têm coragem de vir depois que o filme Turistas (2006) nos retratou como ladrões e psicóticos.

Pouco ouço dizer que um gringo tenha ido ao Rio conhecer a gigantesca Biblioteca Estadual ou visitar suas dezenas de museus e teatros que reportam nossa história – já que a cidade do samba também é o polo cultural do Brasil. Ou ainda que tenha vindo pesquisar as origens do candomblé ou as raízes da capoeira. O interesse é sempre praia, mulher, axé e caipirinha… Não que nada disso seja ruim, mas está longe de ser o que nos define.

Meus escritores e músicos favoritos são brasileiros por algum motivo… Nosso vocabulário é o mais rico e completo, nossas letras, as mais líricas. Manuel Bandeira e Drummond nasceram nesta terra de crimes infames e retrataram seus mundos de forma crítica e verídica, sem depreciar o que somos e valorizamos de verdade.

Não podemos mais vender essa imagem que os estrangeiros têm feito de nós, mesmo porque corremos o risco de um dia acreditar nela.

 

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Bruna Pestana Bezerra faz administração, mas escreve e sonha em abraçar o mundo. Voa alto sem tirar os pés do chão, porque tem medo de altura.

Fale com ela: bruninha_pb@hotmail.com

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